QUEBRA CABEÇAS: QUEM SABE, FAZ!

O diário se apresenta, por vezes, carecido de preencher vazios que nos acompanham com colegas de profissão, em casa com a família, com amigos e até mesmo, quando estamos sozinhos, refletindo sobre as atitudes perante a caminhada da existência. É relevante compreender que para cada ação deve haver um encorajamento; algo que anteceda, que nos faça mover, ir em frente, ou mesmo retardar o que estava em fluxo. Somos ávidos por saber por onde peregrinar e para aonde. Entretanto, eventualmente temos que ser orientados a interpretar corretamente o anseio e nos “pamonhalizar”. Talvez, quando percebemos que há o vazio, vamos provocar uma cena, pensamos no presente, nos lembramos do que fizemos, se valeu a pena, se foi bom, ou se é mesmo algo que temos que voltar e reconhecer a inadvertência.

Conforme alegado pelo filósofo Mário Sérgio Cortella, “Perdemos um pouco da serenidade da existência, da paciência, nos distanciamos do mundo agrícola que oferecia a ideia de tempo de espera. Vivemos a “despamonhalização” do mundo. Por que se fazia pamonha? Para ficar junto, pois os homens colhiam o milho na roça, as crianças tiravam a casca e o cabelo do milho, a mulher cozinhava e então se comia pamonha por volta das quatro da tarde. Agora estamos conectados e longe, mesmo que na mesma sala e no mesmo espaço.” Compreende-se que o objetivo de estarem juntos, fazendo a pamonha, era unir a família para que pudessem acompanhar o todo o processo de transformação do milho em pamonha e assim entender que em tudo há um processo. Sob tal enfoque se faz relevante desenvolver paciência, perseverança no que se objetiva, ao contrário de que muitas crianças adolescentes, que podem acreditar que a maioria das coisas já nasce pronta, ou são instantâneas, como um estalar de dedos.

Lado outro, nos primeiros anos de vida, nossos pais são nossos monitores, depois essa função é dividida com professores na escola primária, e posteriormente, andar com as próprias pernas e viver de maneira independente será inevitável. Ocasionalmente essa fase “nos atropela” e temos que amadurecer abruptamente, porventura sem o devido preparo, sem as bases adequadas para continuar a construção exata da estrada. O fato é que temos que continuar. Pode ser que haja caminhos tortuosos, embaraçados, tristes ou engraçados. Ocasionalmente somos acompanhados por alguém que nos incentiva, contudo há períodos em que temos que avançar totalmente sozinhos, sem esse apoio, sem poder olhar para o lado, pois o perigo pode ser constante sobre o que pode surgir à frente. Quando intuímos que o que está em jogo é a vida, o cuidado deve ser delicado, pois o corpo é somente um, a vida é única e pode não haver tempo para voltar atrás. É preciso prosseguir com sabedoria, com constância, com os pés no chão para não sermos vitimizados pelo o que não foi deduzido. Ademais, para uma maior chance de êxito é preciso, de vez em quando, parar e refletir de modo multifocal; sobre os encontros e desencontros; sobre as diversas dúvidas que nos acometem em certas horas. Como quando temos que atravessar uma rua, em um cruzamento e, então temos que exarar a decisão mais acertada para que o trajeto seja mais favorável, mais produtivo e não seja somente uma passagem de consternação, de barreiras e obstáculos que nos freiam e nos impedem de chegar à linha de chegada. Segundo Augusto Cury, “a teoria da inteligência multifocal auxilia na construção de relações intra e interpessoais saudáveis. Também ensina a aprender a se relacionar consigo mesmo e com os outros, bem como a tolerância, o trabalho em equipe, a administração de conflitos e o carisma”.

É impreterível estar abundante em energia, ter confiança, determinação, audácia e coragem. Faz-se essencial a ousadia e uma visão espiritualizada para auferir em cada oportunidade, mais equilíbrio; absorver os entraves e emitir resposta com caráter douto, em que o cativar seja construir. Cada um de nós tem uma história; cada cabeça foi educada de forma diferente, com ideias distintas e com objetivos diversos. Alguns aspiram ser reis, outros anseiam ser parte de uma grande equipe; outros buscam sabedoria e filosofia, outros ainda, buscam respostas absolutas e explicações científicas sobre o que se manifesta neste universo físico e químico. Existem aqueles que cobiçam a imortalidade, ou vislumbram chegar ao máximo de sua força física para vencer os limites da velocidade, da inteligência, da perspicácia e da comunicação. Também há quem queira somente ser servo, desenvolver exclusivamente habilidades afetivas para um mundo mais positivado, mais utópico, mais fraterno e gentil. Afirma o jurista e escritor francês, Michel de Montaigne, que a mais honrosa das ocupações é servir o público e ser útil ao maior número de pessoas.

Milhares de espíritos e cabeças para enriquecer esse quebra-cabeça sobre como deve ser o viver para descomplicar as ideias e as ações. Podemos dizer que não é inteligível permanecer estático, esperando as coisas acontecerem. Geraldo Vandré, cantor e compositor nos ensina em uma de suas canções que quem sabe, faz a hora, não espera acontecer. O mundo gira, os dias e noites passam e envelhecemos. Podemos ter um presente favorável se tivermos um passado bem vivido; teremos um futuro próspero se o passado e o presente tiverem realmente um sentido de ser e fazer; se cada momento fora bem desfrutado; se não estivemos alienados, aguardando as coisas caírem do céu. Disse Jesus, conforme a narrativa bíblica em João, 16-33, “no mundo haveis de ter aflições. Coragem! Eu venci o mundo.” É imprescindível resistir, contribuir, saber para que estamos neste planeta; é fundamental amparar o outro, pois a recompensa é se fazer para o próximo. Existimos para sermos muitos e não apenas um só. E a cada passo é imperativo ter humildade para que possamos conhecer. O aprender deve ser constante. A mudança tem de ser permanente. Urgente se faz preencher o vazio com ação, com fé, com determinação e amor de quem nos ama e sermos gratos por tudo que temos e somos.

Michael Stephan
Enviado por Michael Stephan em 21/08/2016
Código do texto: T5735461
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