Agosto (Agôsto)
Todo esse movimento do ir e vir sem direção plausível sempre me perturbou! Bem! Perturbou muita gente e alavancou histórias! Criança, ainda, tinha medo do seu assobio constante correndo pelos vãos das portas e janelas!
Acocorocar embaixo do lençol foi a maior descoberta que fiz...! Apertar os olhos e fechar os ouvidos com as mãos consistia para mim um reportar de segurança inimaginável... Lembranças do ventre materno!? Silencioso!
No colorido do céu recortado por papéis picados, colados, repaginados em sonhos voadores feitos: papagaios, pipas, pandorgas..., num coral de cores afinando os céus, tremendo alegrias! De repente, um turbilhão vocifera ladainhas temíveis levando para longe as brincadeiras de papel!
Neste momento meu pai dedilha o som de histórias deslumbrantes!
“Ouçam, vejam... Elas estão chegando! Lá pelos lados do oeste! Enroscados nas patas dos seus cavalos, o vendaval regurgita os soldados desertores... Não os querem no exercito de Odin! De olhos semicerrados podíamos apostar vê-las cavalgando seus corcéis! As Valquírias deixa-nos para serem engolidos pelo olho da tormenta!”
Noutra data, ele, aportou sua fala nas lendas brasileiras, ao contar que, todo pé de vento leva no seu interior o moleque travesso. Junto com as folhas, papéis, insetos vivos, ou, mortos..., a sua carapinha leva um gorro vermelho, inconfundível! O "Yaci-Yaterê" do guarani popularizou-se como guardião da floresta... ah!, mesmo, com uma perna só, ele, cavalga nos redemoinhos carregando tudo..., deste modo, além de admirar o Saci-Pererê pelas suas molecagens, o temia muito! Assim que, um redemoinho vinha em minha direção, eu, debandava a correr..., até me sentir segura, tal qual, o deus Hermes para entregar as mensagens dos deuses aos humanos! Numa velocidade! Sustentando a leveza do ser... de criança medrosa, é claro!
Agosto! Mês marcado por datas históricas sangrentas! Mês de ventania! Mês do cachorro louco!?
Fica para outra crônica a famigerada história contada por meu pai sobre Agosto, o “Mês do cachorro louco”!