PREFIRO AS CONTINÊNCIAS, QUESTÃO DE HIGIENE
Nos anos sessenta do século passado assistia os sobressaltos dos adultos diante dos beijos de Leonid Brejnev, eu não entendia por que mulheres beijavam homens, beijavam mulheres e estava tudo certo, enquanto Leonid Brejnev não podia beijar homens, claro, mas não pelos riscos e sim pelo machismo.
Os costumes no âmbito do beijo foram evoluindo e hoje dizem que há concursos informais nas baladas, para verificarem quem dá e recebe mais beijos na boca.
No ano de 1977, quando frequentamos o curso de noivos, preparativo para o casamento, um dos casais palestrantes falando sobre a higiene sexual, disse que lavarmos as mãos depois de irmos ao sanitário era um paradoxo, pois elas, certamente estavam muito mais sujas do que nossas partes intimas, então o mais adequado era a lavarmo-nos antes e depois. Assim ficou claro que as mãos eram as partes menos limpas de nosso corpo, independente de quantas vezes as lavássemos, aliás, até hoje o são.
Em 2013 fui submetido a uma cirurgia de risco e ainda na sala de recuperação, tudo por culpa de meu aguçamento auditivo, ouvi quando decidiam para onde eu seria levado. Disse a enfermeira:
- Temos aquele quarto no segundo andar, que estava interditado, ou aquele, também no mesmo andar, onde um dos leitos está desocupado.
Decidiram pelo último. De olhos fechados suspirei aliviado. Mais tarde me disseram que ali havia estado um paciente com uma bactéria resistente e que inclusive ele havia falecido, por isto o quarto ficara por seis meses interditado depois da desinfectação.
Não basta você não beijar, você não apertar a mão, não basta você torcer para não correr riscos de infecção, você também deve contar com a boa vontade das pessoas.
Na carreira militar aprendi que a continência é a saudação entre militares e deste para com os civis.
Quem sabe em honra de cuidados com a saúde venhamos a explorá-la muito mais?
Aos que possam pensar que a continência é um ato elitista ou-ou provocativo, restam os beijinhos nos ombros!