O brilho nos olhos
Observando o movimento ao meu redor, me deparei com uma cena que muito me fez pensar. Na sala, estavam meu pai, que já é um senhor, minha filhinha e meu cachorro rolando no chão enquanto brincavam.
Fiquei algum tempo observando a cena como um telespectador que tenta compreender uma peça trágica. À princípio, pensei em repreendê-los, devido ao barulho e a bagunça. Foi quando algo me interrompeu e me fez mudar de ideia.
Notei o brilho nos olhos dos três. Meu pai, exalava a alegria típica de uma criança, feliz por brincar com sua neta. Em nenhum momento pensou em dores ou no tempo de vida que lhe resta.
Minha filha, transmitia pelo seu olhar a inocente felicidade daqueles que desconhecem as coisas do mundo. E o meu cachorro , emanava algo semelhante à minha pequena: o amor, a alegria daquele momento.
Aquela cena, que durou um pouco mais de vinte minutos, me levou a refletir o quanto somos contaminados pela sociedade doente e hipócrita. Nascemos livres, leves e amando o simples. Com o passar dos anos, somos moldados para servimos como robôs, máquinas desprovidas de sentimentos e inteligência.
Quando os robôs não são mais úteis para sociedade, voltam à essência, a resiliência.
Àquela singela cena me fez ver o quão simples é a vida e o quanto à complicados. Não se trata de como será a vida, mas como é o agora.
Um cheiro, um gosto, uma imagem, um som, um toque, um sentimento...me fez sair da superficialidade habitual dos "adultos" e me fez imergir na essência daqueles que sabem viver a vida.