SAUDADES DA MUSA!

Já não cabia em si de tanta aflição, tentara algumas ligações, sem sucesso, simplesmente não completava, lembrava o sobrenome da família, e da rua que ela morava, mas esquecera o número da casa, não tinha o seu celular. Há dias alguém lhe passara o telefone convencional do endereço informado, na ocasião, também a lamentável notícia do falecimento recente de um de seus entes queridos.

Enfim completa a chamada, do outro lado um estranho atende, reside na mesma rua, por coincidência, tem um dos sobrenomes, conhecia a família, porém não sabia informar o novo telefone da residência.

Não desisti, Tenta ligar para outros números da área, até encontrar alguém num endereço mais próximo que possa dá alguma informação, acredita que acontecera um equívoco nos dados recebidos, ou a mudança no código de área. Pediria por fim auxilio à operadora. Confirmam então pelo endereço, o titular da linha e o telefone fixo atual, de posse com o novo número, volta a ligar: Após e alguns toques de “demorados segundos”

_ Alô!

_ Alô, é da casa da ....

_ É sim, quem quer falar com ela?

Reconhece a voz após muitos anos, é o fim da ansiedade, sente o coração disparar, mas suas palavra meigas lhe fazem respirar calmamente.

_ É ela sim, não se enganaria passasse o tempo que passasse.

_ Quem é?

Insiste ela.

_ Um velho amigo!

Responde disfarçando os sentimentos, esperando que ela se lembrasse da voz, queria sentir a sua emoção ao ouvi-lo.

_ É você meu querido?

Sente com alegria a reciprocidade nas suas palavras, fechando os olhos imagina aquele rosto fino, seus olhos brilhantes, os cabelos castanhos, presos por uma fita, ver escapar um lindo sorriso daqueles lábios rosados. Por um momento viaja no tempo, com as belas recordações de dias felizes na cidadezinha, recorda a alegria dos encontros, da pessoa querida, sempre presente em suas lembranças. Das tardes de domingo em sua companhia, nos passeios à beira do rio, horas intermináveis sentados na relva para ver o por do sol! Velhos tempos, belos dias que deixaram muitas saudades. Num breve relato houve as notícias da família, os acontecimentos dos últimos anos.

Conforta-lhe pelas horas tristes, dos dias difíceis que passou, lamentando a distância que os separa, pelas obras do inevitável destino.

Com a amabilidade de sua voz, vem a tona, a previsível nostalgia dos tempos idos, de venturosos momentos. Com o peito apertado, sente ser envolvido pela vontade de reviver o passado, de ser feliz outra vez!