UM ÍCONE DE FOGO
Prof. Antônio de Oliveira
antonioliveira2011@llive.com
Empédocles de Agrigento, na Sicília, por volta do século V a.C., crioua teoria dos quatro elementos,raízes primitivas de todos os seres, água, ar, terra e fogo,explicação aceita por quase 2000 anos.
Panelas fervendo no fogo dão vida a uma cozinha. Sobretudo se for num fogão a lenha. Verdade é que muitas pessoas por esse mundo afora não cozinham porque não têm o que cozinhar. Por isso, tanta gente passa fome. Do estudo da Geografia, infelizmente, há de constar este item: “Geografia da Fome”, título de livro de Josué de Castro. E, a cada dia, mais gente ‘panha’ fome no mundo.
Acenda-se o fogo numa churrasqueira ou num fogão. Após um leve atiçamento atiçam-se as chamas, surge logo algo brilhante, quase etéreo, o fogo. Faíscas tremeluzindo, cintilando. Quanta coisa acontece em torno de uma fogueira! Aquecimento no frio, roda dançante em torno da fogueira, homenagem a São João... Aliás, a palavra fogo é empregada frequentemente em linguagem bíblica, desde a figura do anjo aparecendo, para Moisés, do meio de uma sarça ardente, no topo do monte,ao expressivo simbolismo da ação do Espírito, acompanhado do conselho paulino “Nãolhe apagueis o fulgor!” Melhor nem falar nos horrores de uma queimada, de uma queimadura, de uma queima de livros e de ‘hereges’, em nome de Deus ou por motivos ideológicos.
Consta que a alcunha Caramuru foi concedida a Diogo Álvares por ter ele afugentado indígenas que o queriam devorar, matando uma ave com um tiro de arma de fogo. Caramuru significa homem de fogo, filho do trovão. Caramuru é também o título de um poema de Frei Santa Rita Durão, bem como de um filme nacional, de Guel Arraes: Caramuru – A invenção do Brasil.
Lembrando Camões,“amor é um fogo que arde sem se ver”. Vela que pode bruxulear noite adentro apenas coando a luz, mas que não se apaga. Uma lamparina de azeite que arde à cabeceira, velando nossa fé pálida, semiadormecida.Uma tocha olímpica. Um ícone de fogo.