PASSAGEIROS EM PÂNICO

Era assustadora a velocidade da correnteza, a água revolta, encrespada pelo vento forte, corria rio a abaixo formando grandes ondas que levava tudo o que encontrava. A embarcação era jogada de lado a lado, os tripulantes bastante aflitos, já não sabiam mais o que fazer. Com a nau à deriva, agarravam-se no que podiam, no sobe e desce causado pelas vagas formadas dos banzeiros.

Trovões rasgavam o céu, relâmpagos disparavam seus flashes multicolores, as nuvens carregadas, deixavam cair raios que riscavam o horizonte acinzentado pela tormenta, aumentando o desespero da frágil tripulação, que tentava sobreviver a todo custo. Há muito já haviam perdido o timão, totalmente sem controle, estavam literalmente entregues nas mãos do destino.

Corriam para todos os lados, como se procurassem um local para esconder-se, um abrigo na embarcação, que numa corrida louca resvalava-se nas pedras e obstáculos expostos no caminho, num desses, o impacto fizera-a subir e descer com violência, atirando dois dos tripulantes na água, que sem chance alguma de escapar, foram tragados pelas ondas.

A Tempestade continuava, com ela o suplício dos “passageiros da agonia” que corriam pelas bordas, ameaçando pular, mas por falta de coragem, ou por ainda acreditarem na salvação, quem sabe um “porto seguro”. Continham-se amontoados. Não restava muito que fazer, não sabiam até quando permaneceriam sobre as águas.

Por vezes avistavam a margem mais próxima, porém existia um grande abismo de água tornando-se impossível chegarem até lá. Não havia como enviar um S.O.S. Impossibilitados de qualquer reação, continuava assim a viagem, até que de repente surge um redemoinho. o caos!.

A frágil embarcação gira loucamente, e desce pelo funil, sumindo no bueiro da rua, levando consigo alguns insetos, indefesas vítimas do acaso.