HÁ BANDIDOS E BANDIDOS

O noticiário tem enfatizado o roubo de armas dos vigilantes, principalmente dos bancos. É que após o expediente eles guardam as armas em armário vulnerável, motivo pelo qual tem incentivado a invasão desses estabelecimentos.

Na década de sessenta, o assalto a bancos era corriqueiro lá no Norte de Paraná. Só na agência do BB, onde trabalhava, numa pequena cidade, em um ano, foi assaltada três vezes. A ordem era não reagir.

Eles queriam não só o dinheiro, mas também os revólveres calibre 38.

Num desses assaltos, em tom de brincadeira, pedi a um dos assaltantes que portava os revólveres dos vigilantes: vocês já têm o dinheiro, deixe os revólveres, por favor. É que a agência só pode abrir as portas se os vigilantes estiverem armados. Até a matriz trazer novas armas, vai demorar uns dois dias. Ele pensou um pouco, tirou as balas dos revólveres e colocou-os na minha mesa. Obrigado, agradeci. Há bandidos e bandidos, pensei.

Certo dia, fui intimado, levando um dos vigilantes, a comparecer à delegacia de polícia para reconhecimento de possível assaltante da agência que estava preso. Antes de chegar lá, alertei o vigilante. Faça de conta que não o reconhece, para sua segurança. Mas ele que tinha certa rixa com o bandido, não hesitou em aponta-lo como participante do assalto ocorrido há pouco tempo. Eu neguei. Disse que não havia prestado atenção na fisionomia. Mas que era ele, não tinha dúvida.

Poucas semanas após, o bandido estava nas ruas. Passava defronte à agência, fazia o gesto de atirar com o polegar em riste, indicador mirando e ameaçava o referido vigilante. Uma noite, deram vários tiros na casa dele. Tivemos que providenciar, urgente, a transferência para outra cidade.

Yoshikuni
Enviado por Yoshikuni em 18/08/2016
Código do texto: T5731988
Classificação de conteúdo: seguro