Um menestrel "Banadura"
Talvez por sua forma simples de ser e principalmente por sua contagiante alegria e forma de viver, creio que ele foi uma das figuras mais emblemáticas da alegria de nossa cidade, nas décadas de 60 a 80 do século passado. E, de repente, dou-me conta de que o tempo voa, passa tão rápido que muitas coisas nem mesmo percebemos e hoje me vejo aqui homenageando este grande amigo e falando de “século passado”, de tempos que se foram, que não voltam mais e que nos enchem de saudade.
Com sua forma jovial e sempre alegre de ser e de viver, não houve festa de batizado, aniversário ou casamento em que ele não estivesse presente cumprindo seus compromissos como fotógrafo oficial da cidade, já que o único disponível ou, de outra forma, acompanhado por seus inseparáveis amigos e companheiros Arribe e por seu violão vermelho, alegrando a todos, transformando em cantorias tudo a seu redor. Muitas das vezes, até mesmo misturava as duas funções, a de fotógrafo e de violeiro e cantor, um verdadeiro menestrel.
Como fotógrafo, não se podia dizer que estava na profissão certa, já que ele, com seus indefectíveis “três passinhos para trás”, certamente para ajustar o foco de sua máquina e conseguir a posição ideal para seus “closes”, os quais, via de regra, não conseguiam atingir a perfeição desejada, mas era o que dispúnhamos. Contudo, como violeiro e cantor, realmente contagiava a todos.
Durante horas e horas ele incansavelmente nos transmitia sua alegria de viver, juntando-nos a seu redor e com ele constituindo um coral muitas vezes não tão afinado, mas empenhado em cantar todos os sucessos da época, com a sempre presente “Carolina” com que ele iniciava a sessão e como “gran finale” com “Maringá”, quando ele se debulhava em lágrimas. Hoje posso até confidenciar que insistíamos para que ele a cantasse somente de pura sacanagem, para vê-lo chorando enquanto dedilhava o violão, entoando “Foi em uma leva que deixei a Maringá... e concluindo entre lágrimas ...”Maringá, Maringá, depois que tu partiste, tudo aqui ficou tão triste que eu garrei a imaginar...”, sentindo-se o próprio Silvio Caldas ou então, quando com Arribe fazendo a segunda voz, como Tonico e Tinoco.
De suas apresentações antológicas, lembro-me de uma com José Heleno cantando com sua voz afinadíssima “Roga por Nosotros”, "La Barca", "El Reloje" e com Reno ao violão, derretendo os corações das mocinhas da época, hoje gentis senhoras, muitas delas distantes.
A todos Reno Cysne tratava com uma cordialidade ímpar, chamando-os de “Banadura”, que realmente não sei o que significa mas, se ele os chamava carinhosamente assim, deve ser alguma coisa boa, por isso também o retribuo no título desta crônica.
Reno, com um porte realmente atlético, era um eterno apaixonado por sua mulher, a quem chamava carinhosamente de “Bitela” e por seus filhos, este grande amigo José, hoje formado em Medicina e radicado e labutando no Rio de Janeiro, além de Maria Penha, morena lindíssima com um sorriso cativante e a jóia da coroa, a louríssima Carminha, que com seu jeito meigo e tímido, sugerindo uma princesa de contos de fadas, destruiu muitos dos corações dos pretensos fãs de seu pai.
Durante anos, quiçá décadas, Reno Cysne acumulou as funções de Juiz de Menores, buscando conter os arroubos de uma geração repleta de testosterona, sempre logrando êxito com suas posturas firmes porém compreensivas e amigas, afinal todos nós éramos filhos de seus próprios amigos, como se integrássemos uma grande família.
Hoje, nesta cidade de convivência insípida e sem as tantas expressões daquela época, mais que nunca Reno Cysne nos faz falta – as festas são ao som de funk. E consolamo-nos com sua ausência por sabermos que onde quer que esteja, estará rodeado de amigos e junto a Arribe, dedilhando seu violão e certamente estará entoando suas canções, autêntico menestrel que sempre foi, talvez cantando Carolina ou derramando-se em lágrimas cantando Maringá. Um grande abraço, amigo Banadura...
Com sua forma jovial e sempre alegre de ser e de viver, não houve festa de batizado, aniversário ou casamento em que ele não estivesse presente cumprindo seus compromissos como fotógrafo oficial da cidade, já que o único disponível ou, de outra forma, acompanhado por seus inseparáveis amigos e companheiros Arribe e por seu violão vermelho, alegrando a todos, transformando em cantorias tudo a seu redor. Muitas das vezes, até mesmo misturava as duas funções, a de fotógrafo e de violeiro e cantor, um verdadeiro menestrel.
Como fotógrafo, não se podia dizer que estava na profissão certa, já que ele, com seus indefectíveis “três passinhos para trás”, certamente para ajustar o foco de sua máquina e conseguir a posição ideal para seus “closes”, os quais, via de regra, não conseguiam atingir a perfeição desejada, mas era o que dispúnhamos. Contudo, como violeiro e cantor, realmente contagiava a todos.
Durante horas e horas ele incansavelmente nos transmitia sua alegria de viver, juntando-nos a seu redor e com ele constituindo um coral muitas vezes não tão afinado, mas empenhado em cantar todos os sucessos da época, com a sempre presente “Carolina” com que ele iniciava a sessão e como “gran finale” com “Maringá”, quando ele se debulhava em lágrimas. Hoje posso até confidenciar que insistíamos para que ele a cantasse somente de pura sacanagem, para vê-lo chorando enquanto dedilhava o violão, entoando “Foi em uma leva que deixei a Maringá... e concluindo entre lágrimas ...”Maringá, Maringá, depois que tu partiste, tudo aqui ficou tão triste que eu garrei a imaginar...”, sentindo-se o próprio Silvio Caldas ou então, quando com Arribe fazendo a segunda voz, como Tonico e Tinoco.
De suas apresentações antológicas, lembro-me de uma com José Heleno cantando com sua voz afinadíssima “Roga por Nosotros”, "La Barca", "El Reloje" e com Reno ao violão, derretendo os corações das mocinhas da época, hoje gentis senhoras, muitas delas distantes.
A todos Reno Cysne tratava com uma cordialidade ímpar, chamando-os de “Banadura”, que realmente não sei o que significa mas, se ele os chamava carinhosamente assim, deve ser alguma coisa boa, por isso também o retribuo no título desta crônica.
Reno, com um porte realmente atlético, era um eterno apaixonado por sua mulher, a quem chamava carinhosamente de “Bitela” e por seus filhos, este grande amigo José, hoje formado em Medicina e radicado e labutando no Rio de Janeiro, além de Maria Penha, morena lindíssima com um sorriso cativante e a jóia da coroa, a louríssima Carminha, que com seu jeito meigo e tímido, sugerindo uma princesa de contos de fadas, destruiu muitos dos corações dos pretensos fãs de seu pai.
Durante anos, quiçá décadas, Reno Cysne acumulou as funções de Juiz de Menores, buscando conter os arroubos de uma geração repleta de testosterona, sempre logrando êxito com suas posturas firmes porém compreensivas e amigas, afinal todos nós éramos filhos de seus próprios amigos, como se integrássemos uma grande família.
Hoje, nesta cidade de convivência insípida e sem as tantas expressões daquela época, mais que nunca Reno Cysne nos faz falta – as festas são ao som de funk. E consolamo-nos com sua ausência por sabermos que onde quer que esteja, estará rodeado de amigos e junto a Arribe, dedilhando seu violão e certamente estará entoando suas canções, autêntico menestrel que sempre foi, talvez cantando Carolina ou derramando-se em lágrimas cantando Maringá. Um grande abraço, amigo Banadura...