Meninas de Ouro do Brasil
Ontem, 12 de agosto de 2016, se as meninas do futebol brasileiro perdessem a disputa de pênaltis para o time australiano não teriam que voltar para casa, pois a casa delas é aqui, os nossos corações.
Não precisam também da medalha de ouro, pois elas são ouro puro.
Resgataram a nossa alegria de torcer pela amarelinha, que ontem era azul.
O time australiano era composto de gigantas loiras de olhos claros, que já tinha despachado o nosso time para casa no último mundial. Elas marcavam em cima, Marta devia ter mais de uma na sobra. Jogo bruto delas em razão da cultura do Rugby, tiraram a nossa lateral do jogo. Marta e Formiga, nossas veteranas, se desdobravam para superar a ausência da artilheira de todas as copas, Cristiane. A gigante goleira australiana teve muito trabalho, uma defesa em cima da linha, lembrou aquela defesa histórica da cabeçada do Pelé contra o goleiro inglês Banks, em 1970. Muitas chances de gol de ambos os lados foram criadas. Mas o deus do Olimpo queria brincar com os nossos corações, não poderia ser um vitória simples no tempo normal de jogo.
Fomos para a prorrogação, o time deles já tinha feito três substituições, e fez a quarta, nova regra para as Olimpíadas. O sofrimento da torcida continuava e o esgotamento das atletas estampada nos rostos, nada se resolveu. O destino dos times seria definido nos pênaltis, 5 para cada lado.
Sorteia-se na moedinha para definir quem bate o primeiro pênalti, deu Brasil.
A primeira a bater uma jovem jogadora, não vejo temor nos seus olhos, bateu bem, 1 x 0, depois a vez da australiana, loira alta, olhos verdes como os da nossa goleira, olhos verdes não desvenda o mistério de seu igual, não se conhecem, chutou para um lado, e a goleira foi para outro canto, 1x1. As cobranças se alternam com sucesso até as últimas da série. Aí é a vez da Marta, 5 vezes a melhor do mundo e também do jogo, exausta, bateu fraco e a goleira australiana defendeu... Mineirão calou-se, as esperanças pelo Brasil afora, via ondas televisivas, desvaneceram-se.
Marta caminhou até o meio de campo ajoelhou-se e fez sua oração, depositando toda suas esperanças na Goleira de olhos verdes, que não a decepciona e defende a batida da melhor jogadora australiana. Alegria reverberou pelas arquibancadas do estádio até ao longínquo torcedor televisivo, esperanças renasceram.
Reiniciou se a série de pênaltis, 1 a 1, até que um deles seja defendido ou chutado para fora, mais 3 brasileiras são bem sucedidas, na oitava vez australiana, nossa goleira coloca o Brasil nas oitavas de final, com uma defesa esplendida da cobrança da jogadora Kennedy, um nome que por si só é trágico.
O caminho para a final parece fácil, mas não é, o próximo jogo com a Suécia, um time que já ganhamos na fase classificatória por 5 x 1, cada jogo tem sua história.
Vamos finalmente ganhar a sonhada medalha de ouro no futebol? Não sei, coisas para os deuses do Olimpo. Mas estas meninas merecem o nosso respeito, carinho, admiração e até amor. Resgataram a alegria de torcer pelo nosso combalido futebol.