VAMOS NOS UNIR, ÀS AVESSAS...

O Golpe militar (1964-1985), a princípio uniu todas as forças conservadoras da sociedade para deporem um governo legitimado pelas urnas. O pretexto era de Corrupção, Anarquia, e de ser direcionado ao Comunismo (palavra execrável ontem e hoje).O regime de exceção durou 21 anos, esgotado e solitário, abandonado até pelos seus correligionários arenistas. O último general, João Batista Figueiredo, recusou-se a passar a faixa presidencial a José Sarney, vice do falecido Tancredo Neves, que havia sido presidente do partido da situação, ARENA, e debandou para a oposição. Figueiredo não participou do cerimonial da posse, saiu pelos fundos. A sociedade civil se uniu em defesa das liberdades democráticas, numa grande frente de pensamentos diversos com um objetivo comum, restabelecer nossa democracia.

Julguei que o Brasil de 1964 não fosse o mesmo de 2016, mas me equivoquei, talvez por acreditar que o exíguo tempo de cidadania plena nos tivesse unido em defesa de nossos direitos; todavia, o que vi foi a mesma massa manipulada da histórica Marcha com Deus pela Liberdade, dos idos de 64, viva e atuante. Desta vez não foram necessários os tanques nas ruas, sofisticou-se, ganhou verniz tosco de legalidade, cumpriram os ritos estabelecidos, e deram o GOLPE novamente.E os estragos estão ocorrendo a passos largos, com a revogação de direitos trabalhistas, a concessão na exploração estrangeira do Pré-Sal, nosso salvo conduto para entrarmos no rol das grandes potências; o corte em benefícios sociais que colocou o povo pobre brasileiro na agenda do orçamento público pela primeira vez em nossa República, gerando admiração em todos os países.

O sentimento conservador e reacionário perdura, nunca deixou o pensamento médio de nossa sociedade, ainda com ranços escravocratas ( aqui a escravidão negra foi a mais longa da história das nações)... Será necessário, talvez, que atinjamos um grau de insatisfação tal, que, como na ditadura militar, nos unamos novamente, pela dor.