FACEBOOK E CHICOTINHO QUEIMADO
Trânsito complicado, resolvi pegar um ônibus para ir à minha dentista, Dra. Fátima, eis que tinha tempo de sobra. Passando a catraca, sento-me ao lado de um rapaz moreno de bigodinho, cuja fisionomia me pareceu conhecida.
Ele virou-se para mim, indagando:- “- Cara, você não é o Betinho, irmão do Aécio, do Zé Afonso, do Tininho?” – ao que respondi de imediato:-
“- Sim, sou eu. E você, prezado, quem é?”
“- Sou o Julio, filho da Dona Wanda, criado junto de você e seus irmãos na Rua Horta Barbosa esquina com a Botucatu, na velha e boa Renascença, lembra?”
“- Ah, claro. Agora sim; mas você era moleque novo. Eu hoje já sou setentão!...”
E o papo rolou frouxo, descontraído. Ele quis saber de todos os meus, eu dos de sua família e ele propôs uma reunião no barzinho construído no terreno deles, lá na Horta Barbosa. Faria um encontro com música e cantoria, regado a cerveja gelada e comidinha caseira, incluindo feijão tropeiro, do jeito que mineiro gosta. Claro que aceitei.
O Julio então se alongou, dizendo que hoje, época da “internet”, o povo só se comunica virtualmente, é “facebook”, é “smartphone”, etc. e tal. Aquela prosa, aquele aconchego, bem típico da nossa gente, com os marmanjos papeando e a garotada correndo dum lado pro outro, brincando de “nêgo fugido”, de “chicotinho queimado”, etc., não existe mais.
A conversa franca, os sorrisos, os abraços, o olho no olho, é coisa do passado pois estão todos plugados, cada um com seu aparelhinho.
O papo rendeu, nossos risos e animação tomaram conta do ônibus , mas cheguei ao meu ponto de descida e o Julio seguiu adiante, prometendo retomar a conversa por celular para acertarmos os detalhes da tal reunião.
Valeu, Julio, recomendações aos seus. Quanto a nós, os Rêgo, aguardaremos ansiosamente seu contato. Abraços a todos, saúde, paz e alegria, caríssimo!...
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B.Hte., 09/08/16