AS GAROTAS DA GINÁSTICA NAS OLIMPÍADAS -

Sentado defronte a TV fiquei surpreso comigo mesmo. Não imaginei que as olimpíadas fossem tomar minha atenção. Cansei de dizer que achava uma estupidez o Brasil enterrar tanto dinheiro num evento mundial com tanta necessidade de investir em hospitais, escolas, segurança pública e outras tantas prioridades do sofrido povo brasileiro. Não tinha intenção alguma de acompanhar as atividades olímpicas até mesmo como uma forma de protesto. Queria ter o orgulho de dizer: Olimpíadas? Não vi nada e não gostei de nada.

Mas quem resiste à beleza dos gestos e da coreografia daquelas meninas da ginástica? Foi olhar e não conseguir mais despregar os olhos da tela, mesmo que fosse por um minuto.

Fiquei pensando quanta gente deixou de lado o prazer de apreciar tão belo espetáculo por pura rabugice.

E assim, comecei a imaginar uma cena em que nossas ginastas deveriam fazer algo para chamar a atenção dos renitentes e desinformados habitantes de uma pequena e hipotética cidade. A quem elas iriam procurar, senão o padre, para divulgar e despertar a curiosidade da população?

Fiquei imaginando a cena com o vigário perguntando se não haveria nada de mundano no espetáculo. Cenas lascivas que pudessem despertar os instintos primitivos dos pecadores filhos de Deus.

- E as roupas – perguntaria o padre exagerando – não são aqueles biquininhos minúsculos que usam as jogadoras de vôlei de praia?

Enfim, depois de tantas perguntas elas resolvem dar uma demonstração de como é a apresentação da ginástica feminina. Fico então imaginando a Daniele Hipólito, a Flavinha Saraiva e a Rebeca Andrade dando saltos mortais e piruetas no corredor e entre os bancos da igreja.

E começo a sorrir na minha imaginação solitária, pois me vem à cabeça a cena de duas senhoras em idade provecta adentrando à igreja e espantadas exclamarem:

- Nossa, Gertrudes, melhor voltarmos amanhã! Hoje a penitência está muito difícil de ser executada.

CLEOMAR GASPAR
Enviado por CLEOMAR GASPAR em 09/08/2016
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