"Espêio" sem luz

Confesso que é mesmo um absurdo que, em meio às notícias da Olimpíada, um véio caduco prefira se desligar desse frenesi para ficar remoendo e futucando no seu baú das recordações da arca da velha. Mas que posso fazer para deter essa compulsão nostálgica? Simplesmente escrever para mim mesmo porque, com certeza, ninguem vai querer saber dessas divagações obsoletas. Só vai rindo.

Talvez esteja remoendo essas saudades porque assisti, mais uma vez, ao filme "Cinema Paradiso", que é, para mim, uma das maiores obras-primas da sétima arte. . Quando assisto a esse filme lembrona hora que nem caldo de cana dos cinemas da minha infância e adolescência, aqueles personagens do filme se assemelham muito aos que haviam na minha terra e frequentavam nossos dois cinemas. São cuspidos e cagados pessoas que conheci.

Jamais vou esquecer do perigo da série, dos filmes de caubóis, de Tarzan, da macaca Chita, nem tampouco de Jane, das coxas de Jane e das de Nyoka, a Rainhada Selva, era ver as coxas dela e me dava uma agoniazinha, era o despertar do sexo, depis passei a vibra comas rumbeiras da Pelmex e as das chanchadasd da Atlântida, e haja calos na mão direita (sou destro). Algum tempo depois foi a vez dos namoricos e sarros no escurinho do cinema, o único perigo era quando a fita quebrava e as luzes acendiam, havia o flagro, deois o boato, o falatório. A gata sempre guardaba a nossa cadeira, ambos mascando chicletes Adams, mas eu levava também para agradar a namorada um chocolatinho barato daqueles tipo peixinho. Nao esqueço que quando começava a projeçãohavia sempre os retardários que chegabam e ficavam procurando cadeiras, atrapalhando a visão e a gente gritava: - Sai da frente,, "espêoio" sem luz!. Havia também, nos dias de reprise, os chatos que ficavam nas cadeiras de trás contando o filme. Eram um porre.

Mas o pior era se levantar depois do término da sessão, principalmente no dia de duas sessões, quando o sarro era em dobra, eu mesmo fiava todo doído, os países baixos doíam paca.

O cinema era a nossa ponte com a ciivilização, foi de certa parte a nossa universidade. Posso dizer que devo muito ao cinema, mesmo tendo nele vivido cenas impróprias para menores de dezoito anos. Viva o cinema, Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 08/08/2016
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