Na trincheira
Na trincheira
Abismo raso, mata. Não o abismo, o medo
Estar encurralado, sem garras.
Lutar ou morrer lutando?
Cada morte deve ser de um jeito
E o que não tem jeito, só a morte.
Sem pelotão amigo nem de fuzilamento
As vezes tem que ser sozinho,
Deitado na lama, congelado
A noite, um inverno sem fim
O pavor não é do inimigo, é da falta de um
Encontrar um álibi, uma razão
Que me tire da trincheira, pela última vez
Não há honra na dor sem fim,
Na esperança de mais um raio de sol
Numa manhã inalcançável
E num instante quase imperceptível
Aponta um raio de sol
Refletida na lama.
Uma mão se estende para mim,
Mas antes que ela me tocasse,
Suas asas me cobrem do vento
Que agora é quente e leve.
Jmd2016