A PROCURA
Ô moço, eu estou procurando a minha mãe, você sabe onde ela está? Ninguém sabe, já perguntei para bastante gente, ninguém sabe. Minha mãe é muito bonita, ela gosta muito de mim. Ela me beija, me abraça, faz muito carinho, me põe na cama, canta para mim. Ela canta muito bem, até parece um cantora de verdade. Eu não sei onde ela foi, faz tempo que estou procurando e não encontro. Será que ela me abandonou? Será que ela morreu e ninguém quer falar para mim? Estou com muita saudade dela e também estou com fome e faz tempo que eu não como nada. Estou na rua sozinho, não conheço ninguém e ninguém me ajuda, não sei o que vou fazer. Queria brincar com o meu carrinho, com a minha bola e nem sei onde moro. Minha mãe nunca me deixou sozinho e já está ficando escuro, eu tenho medo de dormir na rua. De repente chega uma mulher de um Asilo próximo e diz:
— Você fugiu de novo, Sr. Peixoto, como conseguiu abrir o portão? Ela explica para umas pessoas que estavam próximas:
—O Sr, Peixoto está no asilo há muitos anos, ele sofre de Alzheimer e pensa que é um menino e chama pela mãe o dia todo e brinca com carrinho, com bola como uma criança. Ele tem setenta anos e nunca conheceu a mãe dele mas, ele a chama por ela, dá muita pena de ver.
Ele pouco conversa com os outros internos, se porta mesmo como uma criança. Agradeço a vocês que estavam com ele senão ele poderia ir longe. Vamos Sr. Peixoto, você vai tomar um banho, depois jantar e dormir.
A vida é assim, a idade e a doença faz a pessoa voltar a ser criança.