Estou ficando velho
“Chuta Marcelo! Áquila trava o chute e impede o gol dos Novatos! Áquila sai da grande área e avança ao meio campo driblando quem aparece na frente! Colocou na frente, já está na entrada da grande área adversária, driblou o zagueiro central vai chutar pro gol, defende o goleirão e manda pra escanteio!”, há uns sete anos atrás era assim que narravam um jogo meu.
Não que eu seja um bom jogador, muito pelo contrário. Mas, de vez enquando dá uns lampejos de craque e pérolas como essas acontecem.
Mesmo sendo considerado um jogador ruim pra baixo, tinha como qualidade - e isso ninguém duvidava ser uma qualidade - ser veloz. Muito, mas muito veloz.
E olha que eu jogava em campo batido por gado, um terreno tão plano como as Cordilheiras dos Andes, sem falar no poeirão. O tempo passou, mudei de cidade e passei a jogar em quadras.
As quadras, bem menor que o campo em que jogava. Terreno plano, com proteção nas laterais – ninguém gosta de buscar bola do outro lado da rua -, tudo certo para um velocista como eu se dá bem. E no início deu. Mas o tempo passou.
Hoje, na quadra, tenho que jogar pro time. A única coisa boa, é que aprendi chutar pro gol a longa distância. Mas, dá uma saudade de sair correndo deixando os adversários pra trás! Isso dá!