VIVEIRO DE LESMAS
Não basta ter vereador gay, vivendo uma relação gay e adotando filho! Não basta ter vereador gay enfermeiro que não entende, não tem ação nem discurso para viabilizar na cidade a saúde LGBT! Não basta ter vereador presidente do viveiro com parentes lgbt para compreender e ter ação para minimizar as violências contra lgbt, até porque quando se rejeita ou não aceita os seus, vai querer acolher os outros? Não basta ter vereador de passado macabro, agressor de mulheres, jogador fanfarrão que se encobre da couraça da fé e hoje pinta de moralizador da sociedade, dos costumes e da família e se esquece que o Estado de direito é laico, precisa ter espaço para todos e todas sujeitos de direitos! Não basta ter vereador com cátedra, galgando os degraus da política defendendo a cidadania, de discurso pomposo, quando o olhar para as minorias de orientação sexual ou identidade de gênero é segregador, à luz da religião e dos conchavos políticos! Não basta ter vereador conhecedor da Constituição e das emendas constituintes se o mesmo não tem leitura do mundo, dos avanços da sociedade, das mudanças culturais e da necessidade dos ajustes para que a legislação contemple a todos/as! Não basta ser vereadora, ser mulher, contar com assessoria lgbt e assumir discurso discriminatório, fascista, conservador e não ter competência para fazer um projeto de lei que contemple os seus! Não basta ser vereador bordado com as cores dos nomes tradicionais da família porque os ranços de interesses excursos e históricos estão na ponta da caneta! Não basta ser vereador pão com ovo, chega dos no viveiro de gaiatos e se associarem aos grupos já aves de rapina e não representarem os apelos da periferia! Não basta...
Tem que ser vereadores medíocres, que não dialogam com os movimentos populares, com os sindicatos, com o coletivo, com a população da cidade...
Na terra dita da liberdade, o que voa mais alto é falta desta nos fatos da realidade!
Mais fácil é recorrer as livros de história e recontar os realismos fantásticos ou os contos da Carochinha!
Fácil falar da resistência da cidade ao bando de Lampião, mas nenhum quer falar da resistência que a cidade tem em atender aos apelos da comunidade LGBT para que se possa criar na municipalidade o Conselho Municipal LGBT, órgão que possa tirar do anonimato uma parcela da sociedade vitimada pela negação de direitos! Um Conselho capaz de trazer à tona o diálogo que viabilize políticas públicas e ações afirmativas para o combate à homofobia! Um Conselho que assegure os direitos fundamentais aos lgbt de Mossoró.
Existe sim a resistência também da Câmara! Todos se calam, se acovardam, mesmo convivendo com a realidade de lgbt no dia a dia!
Fácil falar do voto feminino e conclamar a voz da Celina todos os anos nos grandes espetáculo da cidade, mas não aceitam ouvir a voz das travestis, das transexuais, das lésbicas que dão continuidade ao ato da Celina, são eleitoras, cidadãs, silenciadas pelo preconceito, pela falta de direito e reconhecimento das identidades subjetivas...
Assim como o Motim das mulheres, queremos fazer o nosso motim! Queremos um espaço na Câmara para dizer que o Estado do Rio Grande do Norte é um dos mais violentos do Brasil contra lgbt, que Mossoró, por ser a segunda maior cidade do Estado, poderia ser pioneira no combate à homofobia!
Mas falta inteligência, não é mesmo?
Assim como se libertou os escravos, assim se escreve nos livros de contos de fada da cidade, poderiam libertar também as mariposas, não poderiam? Sim, porque na cidade da liberdade potiguar, gays só são lembrados nos bailes carnavalescos...
No viveiro das lesmas falta autonomia, inteligência, autonomia, políticos comprometidos com os interesses de todos, não de alguns! Já que eles quem que engulamos o início das sessões com a leitura da bíblia, porque não aceitam a ocupação e aprovação de leis para a comunidade lgbt?
A inversão de valores é uma prática do mercado político dessa cidade esquecida pelo tempo.