EM ALGUM LUGAR DO PASSADO

Não acredito em almas do além, mas que existem, existem...A respeito do que escrevi, sobre a visita dos entes falecidos no Finados japonês, o Bom, agora em agosto quando acontece em vários locais o Bom Odori, evento dedicado a recepcionar esses entes queridos, muitos lançaram olhares enviesados, de incredulidade.

Gostava de assistir a essas festividades. Só apreciando. Mas numa delas, em um bairro bem afastado, no meio do nada, poucos habitantes, onde o início da ocupação foi trágico, com muitas mortes em virtude da maleita. Até há pouco tempo, quando preparavam o terreno para o plantio, ossos humanos apareciam aos montões.

Pois bem, numa dessas festas, quando eles davam voltas no salão, reparei que uma mocinha, morena, bem magra, altura média, passava por mim, lançado largo sorriso. Isso várias vezes. Sua fisionomia era algo familiar. Quando a festa terminou, procurei-a no salão. Mas não a encontrei. Procurei os fotógrafos, indaguei, nada.Chegando em casa, pesquisei nos arquivos, pois tinha leve impressão de que já a tinha visto. Lá estava ela. Antiga colega do colegial , mais do que bons amigos. Mas algo estranho...Segundo registro, ela falecera há muito tempo, junto com alguns colegas, em um desastre.

No dia seguinte, fui procurar o túmulo dela. A foto não enganava. Era ela. Senti uma sensação estranha me invadir. Passei meses e meses procurando orientações em uma Casa Espírita para me livrar da instabilidade psíquica, já que meu psiquiatra dizia nada poder fazer nesses casos de obcecação.

Não sei dizer se estou curado, mas nunca mais fui a um Bom Odori. Os acordes daquela música, mesmo que distantes, me abalam.

Yoshikuni
Enviado por Yoshikuni em 05/08/2016
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