Tudo dói
Tudo dói
Hoje eu venho escrever, e escrevo porque dói! Dói muito! A alma está na maca da reanimação artificial.
Tudo dói!
O corpo frágil, os músculos trêmulos, os pés que carregam o peso de uma vida, as pernas que sustentam o tronco, a lombar, a cervical, a dorsal, o trapézio.
Eles estão reclamando, reclamando da minha entrega, do meu fracasso, reclamam do porque de eu ter assentado no banco da postergação.
Eu fracassei!!!
Foram onze anos de luta e resistência, mas hoje chega ao fim, não aguento mais levar o peso do simples ato solitário e traumático de viver.
Estou em plena depressão, aliás, há muito tempo que estou diagnosticado com isto! E isto parece o fim.
Sem luz, sem esperança, sem cor, sem interesse, sem libido, sem tesão.
Olhos vêem, mas não desejam.
Boca mastiga, mas não saboreia.
Ouvidos ouvem, mas não se animam.
Corpo dormi, mas não descansa (quando dorme)
Vida normal e natural que segue. Ela segue! Segue porque não pode parar mesmo.
Parar, por quê? Por que parar?
Meus hormônios estão desgovernados, minhas células neurológicas que equilibram o humor e rajadas de sentimentos não estão dando conta de reajusta-los.
As células se entregaram antes der mim.
Acho que devo pairar em mim mesmo e me analisar de fora de mim, mas se eu pairar demais eu me desespero mais ainda, porque vou pensar em quê?
Só em dor, fracasso, frustração, perdas, rejeição, lutas inglória e etc, etc, etc e etc...
Porque a vida sempre foi isso, uma sucessão de insucessos, uma sequência de tiros incertos, de hostilidade.
Pareço o rei da negatividade e os antidepressivos tem que me ajudar!
Não posso ver-me nem em pintura, estou feio, caquético, apático, incolor, inodoro, insipido.
Odeio os supra sumos da alegria, essas pessoas que levantam standartes de felicidade e animação. Bando de hipócritas degenerados e pervertidos. Quem é feliz hoje em dia? Quem é totálico? O sistema não deixa! O sistema oprime, angustia, escraviza, lapida sua espada afiada e insaciável em nossas almas quase mortas.
O puro gosto de sangue na boca não é só o ferro do corpo e nem o ferrugem do portão ou da colher, mas é da infelicidade de saber que tudo já se foi, o que um dia deveras ter sido e nunca voltará a ser.
Estou cansado, a “deprê” faz isso comigo.
Percebem que já estou íntimo dela? Tenho usado até singelos pseudônimos para aponta-la.
Preciso ir, vou indo andar, fumar um cigarro, tomar um café e esvanecer.
Eu sou mais eu, porque mesmo morto, estou vivo.
Ohh, Deus!!!