Policiamento Onipresente
Não se trata da presença ostensiva da polícia nas ruas da cidade, mas de situações particulares ou até íntimas do meu cotidiano. Não posso cometer pequenos desvios ou erros de natureza moral, ética ou técnica que imediatamente sou punido com advertência, repreensão, multa ou até privação de liberdade. É como se existisse um sistema de vigilância onipresente e onisciente pronto a me punir on-line.
Se eu faço xixi em lugar ermo, atrás de uma árvore que me esconde totalmente de algum incauto transeunte, já surgem duas viaturas trazendo policiais com armas em punho e ávidos em me prender por atentado violento ao pudor.
Se paro o veículo e ligo o pisca alerta para o desembarque de alguém, mas em local com estacionamento regulamentado para carga e descarga, no mês seguinte já me chega a notificação de multa por estacionamento irregular.
Se esqueço o documento de habilitação, do veículo ou os dois, logo na saída já topo com uma blitz policial.
Se tento fazer uma manobra irregular em rua morta, sem nenhum movimento, surgem outros carros em tamanha profusão que dá a impressão que todo o trânsito da cidade foi desviado para aquele local.
Se tento contemplar as coxas à mostra de moças que passam por mim nas ruas ou em outros locais públicos acabam sendo da minha esposa, de alguma filha ou sobrinha.
E aí eu poderia citar inúmeras situações de deslizes, equívocos, enganos rotineiros que são prontamente registrados por este sistema transcendente, implacável e onipresente que providencia on-line a minha punição.
Os amigos, para me consolarem, dizem que não é uma exclusividade minha, ser assim todo tempo policiado e ter assim invadida a minha privacidade, mas que isso acontece com todos.
Espero que me perdoem pelos erros gramaticais e ortográficos e podem até me repreender e corrigir, pois já estou acostumado.