Das pedras no caminho
Tinha uma pedra no meio do caminho, disse certa vez o poeta.
Confesso que não entendi direito, quando li pela primeira vez. Achei poético, metafórico, mas a real significação da pedra me escapara à época. Somente quando as pedras começaram a surgir em meu caminho – ou quando eu finalmente as pude ver – é que compreendi a essência do pensamento do poeta.
O que é uma pedra? Depende. Se for muito pequena, no caminho, facilmente nos desviamos, mas pode ocorrer que ela, de tão pequena, entre desapercebidamente dentro do calçado, e então veremos que ela não é tão pequena, nem tão inofensiva, e não vemos a hora de nos abaixar, tirar o sapato e lançá-la – a causadora de tão grande dor – bem longe de nossos pés e de nosso caminho.
Já uma pedra de tamanho médio pode servir de assento a um cansado andarilho ou então ser contornada pelo transeunte comum. Mas, se por acaso o passante for um automóvel, essa mediana pedra poderá causar lamentável estrago e grande prejuízo ao possuidor da máquina.
E se for uma pedra grande, enorme, dessas roladas lá de cima em dias de vendaval, que se plantam bem numa curva do caminho, obstruindo totalmente a passagem? Bem, neste caso só há uma solução: voltar sobre os passos e procurar outro caminho. Talvez boas surpresas nos aguardem nesse novo caminho; talvez ele seja um atalho, que nos leve mais rápido ao destino desejado.
Mas talvez não. Pode ocorrer que seja mais longo, mais sinuoso e íngreme. Mas, se assim for, que resta fazer senão trilhá-lo heroicamente, juntando todas as forças de nosso ser? Porque o caminho há que ser trilhado! Com ou sem pedras, não podemos simplesmente parar à beira do caminho, esperando... O quê?
A vida é movimento, e as pedras no caminho - os desafios - se não nos ensinam algo, ao menos fortalecem-nos os músculos para maiores e mais longas caminhadas, até o destino final, que não se sabe quando e nem onde será.
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