AS LUZES DA PONTE
Sempre que volto de Tubarão fico admirado pela grandeza e beleza da Ponte Anita Garibaldi. Construída sobre o canal das Laranjeiras aqui em Laguna, a conhecida Ponte da Cabeçuda, sim, pois ela situa-se no Bairro da Cabeçuda. Porque Bairro da Cabeçuda? Vou pesquisar. Alguém que esteja lendo pode até adiantar a resposta.
Admira-me a suntuosidade da coisa toda, as gigantescas estruturas, a qualidade do acabamento. Acredito que o tamanho da surpresa de quem vê seja a mesma daqueles que vêem as pirâmides na Esplanada de Guizé pela primeira vez, guardadas as devidas proporções logicamente.
Passo por ela geralmente nos finais de tarde.
Surpreende-me sempre esse cartão postal. Ao lado o sol se pondo, acima as gaivotas planando despreocupadas, ao redor a suave brisa balouçando as grimpas das casuarinas, abaixo algum boto dando seus saltos, ingenuamente, como todo boto parece ser, nas laterais os refletores da iluminação da ponte acesos. . . Acesos? Peraí. Porque estão acessos tão cedo, quando o sol ainda faz este serviço?
Interrompendo as divagações poéticas e voltando a realidade, pois moramos no Brasil o país das duras realidades, comecei a fazer as contas deste consumo de energia e percebo que não é pouco. Preocupa-me afinal, um pouco desta conta , como contribuinte , quem paga sou eu. E eu tenho por hábito controlar meus gastos.
As 17hs as luzes da ponte já estão acesas, por sua vez a noite cai somente pelas 19hs. São 2hs de consumo de energia desnecessárias. Imaginando que essas mesmas luzes se apagam lá pelas 6hs da manhã, chegaremos a óbvia conclusão que elas ficam 13hs acesas a cada dia, sendo duas horas desnecessárias. Ampliada para um mês que tem 30 dias, e somente quatro meses do ano têm 30 dias, os demais têm mais, com exceção de fevereiro, vamos chegar a um resultado que nos diz que as luzes da ponte da Cabeçuda permanecem em média 60hs acesas mensalmente sem a mínima necessidade. Arredondando para facilitar o entendimento desperdiça-se o equivalente a mais de quatro dias e meio de energia, todo santo mês. Num ano de 365 dias seria o equivalente a mais de 56 dias de desperdício de energia, da sua energia, pois na hora de pagar a conta ela é sua também, caro munícipe.
Você entendeu certo! Num período de um ano você paga quase dois meses de luz sem a mínima necessidade.
O desperdício parece ter se tornado parte do custo de qualquer empreendimento de caráter coletivo. Por ser bancado com dinheiro público tem-se a falsa impressão que não gera ônus a ninguém. Grande erro. O que se desperdiça de um lado revela-se importante naquilo que faz falta noutro
O que é necessário para corrigir este desperdício? Simples como o vôo da gaivota, suave como a brisa nas casuarinas: Pedir para o responsável pelo controle do acendimento das luzes que regule de forma adequada o dito acendimento.
Continuaremos a apreciar as gaivotas, a brisa suave, os botos ingênuos sem o inconveniente desperdício da luz acesa ofuscando todas estas belezas.
Simples assim.