Um peixinho enorme
O aquário era grande, muito grande, e o peixe nele, um cascudo, que também era grande, vivia confortavelmente.
Um dia, sem anúncios, ou pedidos, um peixinho foi colocado no aquário, o cascado ganhava uma amigo “cascudinho”, que não era um cascudo, era bem pequeno, para o tamanho do aquário.
O “cascudinho”, que não era um cascudo, perdia-se dentro do grande pote de água, e quando passava pela corrente, que oxigenava todo o líquido, o pequeno peixe era arremessado para outro lado, ele não tinha forças para uma pseudo piracema, o movimento das águas estava acima dos limites do peixinho;. enquanto o peixe grande dormia, tranquilamente, indiferente ao movimento das águas, seu companheiro de infortúnio lutava só para se fixar. Os dois eram prisioneiros numa mesma cela, mas enquanto um era apenas prisioneiro, o outro precisava vencer mais de uma corrente, além daquela que o prendia num universo tão limitado, ainda que fosse um grande aquário.
O percentual de água no mundo é muito maior que o das terras, mas havia dois peixes, de tamanhos diversos, num recipiente grande, mas...pequeno, num sentido global.
O mundo submerso também imita o mundo acima da tona, seja ele natural, ou artificial: enquanto os grandes e fortes deixam-se viver, apenas aguardando a ração, o pequeno e frágil era levado ao sabor da corrente, debatia-se, furiosamente, para se manter em algum lugar; muitas vezes via a ração passar por ele, impunemente.
Na natureza, com certeza, existem respostas lógicas para tratamentos diferenciados, nos universos criados pelos homens, tudo se apresenta de forma tão injusta; ainda que a luta do pequeno...faça dele um gigante... para conseguir viver.