GUILERME.

assim desse jeito: Guilerme, sem H. assim as pessoas falavam.

- GUILERME

Falavam descendo a escada rolante:

- GUILERME.

e o pessoal que subia a escada rolante do outro lado respondia:

- GUILERME.

as pessoas, sempre havia alguém que na nova leva de passantes na escada rolante aderiam a brincadeira, e assim foi durante uma tarde inteira, gritavam de uma escada para outra:

- GUILERME.

Não haviam combinado nada. Eram pessoas que não se conheciam, mas porque era muito positivo, e contagiante, um tapa na cara da rotina, da mesmice e da caretice, sem nada combinar, umas gritavam às outras de uma escada rolante em direção á outra, durante uma tarde inteira:

- GUILERME.

as pessoas falavam umas ás outras porque a escada rolante era gigante, lá de cima se ouvia, cá de baixo se respondia e a brincadeira era contagiante:

- GUILERME.

porque a cidade tem um monte de pessoas legais, que imediatamente conectam-se em movimento anti-mesmice, destrói-rotina, espanta-caretice. elas se falavam:

- GUILERME.

eram meninas dos seus vinte anos e mamães com seus bebes de colo e tiozinhos variados e caboclos de dreades e colegiais do Dante e funcionários da Caixa e ex-cadeieiros que trabalham como peões e pessoas que nunca voltam pra casa sem um pacote e atrizes pornôs com o corpo fechado e malandros que são chamados de japoneses por que o avô veio do japão e gordonas nem aí pro fato e muitos casais de lésbicas dulcíssimas e malucos mil das quebradas e famílias inteiras do ceará a passeio, umas diziam ás outras sorrindo:

- GUILERME.

eu eu chamei também:

- GUILERME.

e reponderam-me:

-GUILERME.

isso aqui acontece porque essa é uma cidade misteriosa, cheia de gente louca pra ser feliz:

-GUILERME.

eu eu adoro o movimento anti-mesmice, destrói-rotina, espanta-caretice:

-GUILERME.

e eu sou absolutamente louco pra ser feliz:

-GUILERME.