Guimarães Rosa

Difícil uma apreciação simplista. A obra do autor não comporta definições ou rótulos.

É densa, abrange a vida, seus caminhos, suas dificuldades, suas virtudes. Rosa não pode ser comparado com autores estrangeiros, de renome internacional através dos tempos.

Através de seguidas narrativas, tanto em “Grande Sertão: Veredas”, como em “Sagarana”, ele não se ateve ao corriqueiro, o fato do homem comum. Foi mais. Exatamente deu cores a este fato comum, corriqueiros na nossa vida diária, construiu um mundo de verdades e fatos que acontecem, no cotidiano tanto do homem das grandes cidades, como o homem do campo, o homem que habita este país continente.

Ora, muitos dirão, o cerrado mineiro não é o Brasil. Exato, não é, mas o homem é o mesmo que habita o sertão nordestino ou o pampa gaúcho. Espremendo o caldo, os brasileiros somos iguais. Absolutamente iguais. Alegres e receptivos, em todo o país. Talvez seja a característica mais forte do brasileiro. Claro que diferenças existem. Não se pode desejar que o homem seja igual em pensamento e cultura, em regiões diversas. Não é assim no mundo inteiro.

Mas nosso autor soube diferenciar bem. Colocou a alma brasileira em todos os seus textos, num magistral passe. Jorge Amado já havia tentado, e passou muito bem no teste.

O autor nada mais é do que a voz do seu povo. Mesmo em fatos passados, deve procurar a verdade de todos nós, todos nós brasileiros, não interessa o lugar onde nascemos e vivemos.

Tarefa nada fácil. É preciso conhecimento, é preciso saber diferenciar, sempre com a preocupação de atingir o todo. Tarefa quase impossível. Penso que Monteiro Lobato, Graciliano Ramos, Jorge Amado, João Ubaldo e naturalmente o autor centro desta crônica, traduzem bem o espírito brasileiro.

Quem souber de outros, que acrescente. Vai ajudar muito.