Projeto Rodoanel
Quem vem pelo Rodoanel, logo ao sair da Bandeirantes sentido ABC, antes de entrar no primeiro túnel – o mais longo – se olhar para o alto, acima da entrada do túnel, verá Jesus. Não, não falo de milagre, falo da palavra, do nome Jesus, escrito ali de uma forma pouco usual, ou seja, recortando o mato e deixando os contornos na terra nua. A cada vez que por ali passo olho e ainda está lá, não é indelével, está sumindo aos poucos sendo recoberto pela mata renitente, mas ainda está lá, dá pra ver pois foi feito com fé e inda perdura!
Fé tem caráter pessoal e não se brinca portanto, não tenho nenhuma vontade de discutir isso, apenas citei um marco da cidade, ou das cercanias da cidade, um ponto criado por um morador anônimo em um momento de ternura. São vários assim; perpetuar sua passagem pela terra, deixar uma marca tênue que seja é sonho antigo do homem, desejo entranhando na espécie, então cada um cria a seu jeito.
Andre Gide disse um dia que “Todas as coisas já foram ditas, mas como ninguém escuta; forçado é repeti-las”. Gosto disso e, à minha maneira de buscar o perpétuo, que é escrevendo vou dizendo e repetindo alguns conceitos que tenho, um deles, que devagarinho vai perdendo o viço, é essa ainda inabalável fé no homem como um Ser em mutação capaz de resvalar no, de tocar o, impossível.