Ele, não, o pai, sim

                    A dor da paixão não tem explicação
                                     Catulo da Paixão Cearense



          1. Acabo de ganhar um belo livro, presente do seu autor, o educador e musicólogo baiano Luiz Americo Lisboa Junior.
          Para  completar a gentileza, brindou-me com esta atenciosa dedicatória: "Para Felipe Jucá a vida do nosso poeta da modinha e do sertão". Sensibilizado, agradeço.
          2. O livro - "Da modinha ao sertão" - com uma encadernação de primeira e uma capa muito interessante, conta, de forma agradável, leve, tudo sobre a vida e  a obra de Catulo da Paixão Cearense, um de meus poetas mais queridos.
          3. Não é tão fácil encontrar nas livrarias, e até nos melhores sebos, a biografia desse extraordinário vate nordestino.
          Inda mais com a riqueza de informações que oferece o livro do escritor Americo Lisboa Junior, resultado de uma criteriosa pesquisa que ele desenvolveu para escrevê-lo.
          4. Catulo, nos seus 15 livros de poesia, deixou-nos maravilhosos poemas. Muitos ele musicou com a ajuda de inspirados parceiros, como Chiquinha Gonzaga, João Pernambuco e Pedro Alcântara. 
          Seus versos, suas rimas viraram inesquecíveis modinhas. Relembro duas, provavelmente as mais conhecidas: "Luar do sertão", de 1913 e "Ontem ao luar", também do início do século 20.
          5. O poeta e cancioneiro Catulo nasceu em São Luís do Maranhão no dia 31 de janeiro de 1866. Morreu no Rio de Janeiro em 10 de maio de 1946 - 82 anos!
          Seus pais eram Amâncio José da Paixão Silva e Maria Celestina Braga da Paixão. Amâncio nascido na pequenina Icó, no sertão do Ceará; Celestina, maranhense, nascida em São Luís.
          6. (Duas palavrinhas sobre a terra natal de Amâncio. O Icó (que conheço) é uma modesta, porém, histórica cidade do Ceará. Foi fundada em 4 de maio de 1738.
          Teve seus projetos urbanísticos projetados em Lisboa. É uma cidade de clima muito quente, mas muito acolhedora. Fica a 375 quilômetros de Fortaleza.) 
          7. Amâncio e Maria Celestina moraram muitos anos entre o Ceará e o Maranhão. Mudaram-se para o Rio de Janeiro em novembro de 1877. Até morrer, Amâncio, com a família, morou na Rua São Clemente, número 37, em Botafogo.
          8. Porque sou do Ceará, e, por isso, muito interessado pelas coisas de lá, amigos me perguntam sempre sobre essa do Catulo ter como sobrenome "da Paixão Cearense", não sendo ele um cabeça-chata, mas um legítimo maranhense.
          9. Para esses amigos, resolvi escrever estas mal traçadas linhas. Fiado nos dados que colhi no livro "Da Modinha ao Sertão", lhes digo, sem maiores dificuldades, o porquê do sobrenome adotado por Catulo.
          Adiantando que nada tem a ver com um poeta apaixonado pela Terra de Iracema.
          10. Amâncio, seu pai, era conhecido no Ceará, e fora do Ceará, como "o Cearense". Por isso, não hesitou em retirar do seu nome o "Silva", substituindo pelo seu popular apelido. 
          11. Passou, então, a se assinar Amâncio José da Paixão Cearense; transferindo para sua mulher e seus cinco filhos o seu novo sobrenome. 
          Está, assim, explicado por que, Catulo, um maranhense, é chamado Catulo da Paixão Cearense.  
Felipe Jucá
Enviado por Felipe Jucá em 26/07/2016
Reeditado em 26/10/2020
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