"A LUA E EU"

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Não foi só mais “um ano que se passou”, como compôs e gravou o cantor Genival Cassiano dos Santos, nascido em Campina Grande/PB, e nacionalmente conhecido com a música “A Lua e Eu”, como “Cassiano”. Com a ascensão e mudança do gosto musical no país, você e outros tantos bons compositores e cantores sumiram, descartados pelas gravadoras que preferem vender CDs com sucessos meteóricos, de qualidades duvidosas e logo esquecidos pelos ouvintes!

Cassiano, ao compor e gravar a música “A Lua e Eu”, em 1975, talvez não tenha observado as “pegadas” as muitas deixei pelos caminhos que percorri. Se as viu, talvez não soubesse que eram minhas para deixar de ser vendedor de picolé, jornais, cascalho, sacos para guardar peixe dentro do mercado Adolpho Lisboa até ter me tornado jornalista/assistente social, teórico social e professor aposentado por invalidez em 2009, com muito estudo e determinação. Se as percebeu, talvez tivesse pensado que não eram as minhas, mas “não sei”, mas “eu sei”, “eu sei”... Eram as minhas, Cassiano, foram apagadas que deixei, todas, porém, apagadas pelo progresso sempre implacável que constrói sonhos e destrói lembranças!

Tinha 15 anos quando Cassiano compôs e gravou essa linda música. Já se passaram 41 anos de sua linda composição, que adorava ouvi-la tocando nas rádios Am de Manaus, na minha adolescência. Viajava até a lua enquanto seguia imaginando o que viria a ser na vida. Tinha muitos sonhos e ideias que abandonei: queria ser ator de teatro no Grupo de Álvaro Braga, queria ser pintor, queria...queria ser escritor e comecei a escrever poesias no Grupo Escolar Adalberto Vale, para vencer minha timidez, enquanto seguia “caminhando pela estrada”, vendendo picolés e jornais, cascalhos....Deixei pegadas sobre os trilhos de bondes, paralelepípedos das ruas que pisei que enfeitavam o passado de Manaus, com suas lindas palmeiras imperiais enfeitando a Praça da Matriz! O Cassiano não deve tê-las visto porque todas foram encobertos pelo asfalto negro do progresso...

Certo estava irreverente e polêmico apresentador de TV, desenhista de moda e ex-deputado federal Clodivil Hernendez quando afirmou em uma de suas últimas entrevistas para a TV, se expressando diretamente para a sempre companheira “lente da verdade” que “que depois que b...e corpo bonitos passaram a gravar, vender e fazer sucesso no Brasil, só faltava alguém puxar a descarga do vaso sanitário para descer a m...produzida como cultura musical”.

Passaram-se 16 anos sem ver a lua tão linda me paquerando. Ela, lá no céu olhando para mim e eu olhando para ela, sentado em na mesa de um bar, sentado, tomando água tônica, esperando o momento do lançamento da Revista ITA News, do amigo Sócrates Paiva, que foi apanhar-me em casa com sua esposa, Socorro Paiva. Saía na companhia de minha esposa Yara, mas nunca tinha visto uma lua tão lindo como a que vi no sábado à noite, olhando para mim e eu olhando para ela, admirando tudo, como se nos enamorássemos como se fosse a primeira vez!

No bar da itaoatiarense, “Gestinha”, que cantava com suave, maravilhosa, e muito ritmada, reencontrei com os cabelos cor de prata o antigo professor de química do Instituto de Educação do Amazonas, Ivo Vital, acompanhado com sua esposa. Ele foi à mesa cumprimentar-me. Tirei fotos com os casais Lucia e Arnold, enquanto sentada ao meu lado, estava Silvia Paiva, irmã de Sócrates Paiva. Ela ofereceu-me um caldo grosso que me fez lembrar a “crista de galo”, que Josefa Costa, minha mãe, costumava fazer para seus filhos quando morava na comunidade do Varre-Vento, no município de ITA, também é conhecido como “Velha Cerpa”.

E lá no alto no céu, a lua continuava me olhando; eu, olhando-a. Estávamos nos admirando, talvez! Será que ela queria me dizer alguma coisa com sua luz tão clara? Talvez, mas como o professor e filho da “Velha Cerpa” nada me ensinou sobre a química para entender a linguagem da lua, fiquei sem poder me comunicar com ela, tão linda e maravilhosa que estava naquele sábado no pré-lançamento da Revista Ita News. Se soubesse, talvez o professor também tenha se esquecido de me ensinar linguagem lunática, para poder entender porque a lua clareou meus passos até o veículo do Sócrates Paiva, que me trouxe de volta para casa. Tal e tanta eram a beleza da lua, que me esqueci de agradecer pelo seu gesto tão carinhoso de acompanhar-me, clareando todos os locais que pisava para não tropeçar e cair. Uma pena, que o professor Ivo Vital não tenha me ensinado sobre a química que envolve a lua e os escritores. Eu teria entendido pelo menos a linguagem da luz que clareava meu caminho rumo ao automóvel do amigo!

Se tivesse, garantiria o segredo e não o revelaria a ninguém, nem mesmo sob a tortura da ansiedade que passei a sentir depois que soube voltarei à comunidade do Varre-Vento! “O vento me faz lembrar você”, meu Varre-Vento!

Nós reencontraremos e talvez não veja mais as folhas caídas dos pés de cacau cultivados pelo meu avô, nem sua plantação de folhas de tabaco que colhia para ser secadas ao sol e depois picadas com faca e transformadas rapé que ele cheirava dentro de uma lata, nem o pé os pés de árvores frutíferas do quintal da minha avô. O fenômeno das terras caídas levaram-nas todas e, junto, também levaram a sepultura de minha irmã, Ivete Costa, falecida de uma febre misteriosa. Em breve, depois do lançamento da revista ITA News, produzida pela PAIVA PUBLICIDADE E PROPAGANDA, nos reencontraremos!

carlos da costa
Enviado por carlos da costa em 26/07/2016
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