VÍCIO E VAIDADE



Certa vez ouvi de um senhor já idoso, lá pelos seus oitenta anos de sabedoria, que jamais deveríamos subestimar o “Vício dos Homens” e a “Vaidade das Mulheres”. Ele disse isso com uma serenidade incomum, até mesmo para alguém com aquela vagarosa idade.

Ouvi, memorizei e passei a pensar a respeito. E por algumas décadas venho pensando, buscando motivos para descartar a lógica desse dito. Até hoje não consegui. Quanto mais vivo, quando mais convivo, menos fundamento vejo em qualquer justificativa para dizer que os homem podem perfeitamente passar pela vida sem vícios e as mulheres não precisam sustentar vaidades para bem viver.

Bom seria. Claro, os vícios, de qualquer ordem, provocam desgastes gigantescos, a vaidade escraviza até, mas sua ausência absoluta cria buracos negros que fazem do ser um amontoada ainda maior de complexa inconstância emocional. Se o vício é um pecado, a sua ausência total é um aspirador de emoções. Se a vaidade é um mal, sua ausência faz da vida feminina uma tormenta de mesmice e mediocridade.

Assim vou vivendo, pensando e tentando denegrir as verdades da importância dos vícios dos homens e da vaidade das mulheres, mas o que consigo são apenas reforços que fundamentam ainda mais os argumentos simplórios do velhinho que um dia me disse: “Jamais subestime o vício dos homens e a vaidade das mulheres”.

Eacoelho
Enviado por Eacoelho em 26/07/2016
Reeditado em 02/09/2023
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