DAS POUCAS COISAS
DAS POUCAS COISAS
Todo esculacho da vida permitida
o embaraço nas ruas
diante da candice forçada
quando não mais do que
parentes de certo somos
além de um dia ter casado
o reconhecimento do fracasso
começa pelo papel deixado
você levou o recado
mas esqueceu de ler o conteúdo
mudo sem dizer nada
sorriso que disfarça as mãos vazias
alegria pois hoje é apenas segunda
amanhã ainda não veio
e todo aquele misero labiar
convencendo não sem quem
olho para os lados
não vejo com quem
nem quem deveria aceitar
tanto adereço da tua prosa
quem paga tal preço
pra ouvir tanta conversa fiada
ainda bem que o papel era timbrado
ainda bem que ainda é cedo
ainda bem que o bar não fecha
a única coisa restante
de tudo que pedi pra trazer
satisfaz o momento
e o lamento ficando inconsciente
aquele barulho no estômago frequente
vai se apagar possivelmente
junto aos comprimidos
talvez sonhando com as coisas
uma janta que seria nobre
com as misturas de sempre
daquilo que havia no pedido
quase uma dor de súplica
um trocado que não voltou
me deixou aflita
sonharei pra não esquecer
de certo saberei entender
pensa ele
onde foi que tomou o que poderia
ser mais do que mão vazias.
MÚSICA DE LEITURA: Big Mama - Born under a bad sign