Quando somos inferno?
Em 1944, quase fim do totalitarismo do século, entre agruras e misérias da II Guerra, Jean-Paul Sartre disse que "o inferno são os outros" (L'enfer, c'est les autres). Motivado por esta ideia, escreveu "Entre quatro paredes" (Huis clos) que teatraliza três infelizes em vida, depois de mortos, condenados a viverem juntos eternamente: Tudo diferente do inferno descrito por Dante Alighieri, na Divina Comédia. Ali estavam sofrendo um ex-revolucionário que foi fuzilado porque covardemente traiu idealistas companheiros na luta; uma homossexual que foi levada à morte pela companheira; e, por fim, quem praticava infanticídio e terminou matando seu amante...
Afligindo esses prisioneiros nessas quatro paredes, não havia labaredas de fogo, dores, torturas, nem tampouco "ranger de dentes", mas tão somente "os outros" que, segundo Sartre, constituem o maior tormento existencial e também se submetem à infernal convivência. Nas suas existências, dedicaram-se à inveja, à violência, à tirania, à perversidade. Agora, mortos, sem qualquer liberdade para se refazerem ou transformarem o que tinham realizado em vida: Existência angustiante aos outros.
Esse "absurdo sartriano", tão falado também por Albert Camus, na realidade, anda pelas nossas ruas, desfila no nosso quotidiano político e social: "Os outros" vivos, fora das "quatro paredes", livres para fazerem o que quiserem ou talvez desfazerem o que fizeram, relacionando-se inevitavelmente com os outros, porque viver é conviver ou ligar-se aos outros. Mas, enquanto não convencidos pela ideia de amarem uns aos outros ou serem céu , continuarão a ser inferno...
Afligindo esses prisioneiros nessas quatro paredes, não havia labaredas de fogo, dores, torturas, nem tampouco "ranger de dentes", mas tão somente "os outros" que, segundo Sartre, constituem o maior tormento existencial e também se submetem à infernal convivência. Nas suas existências, dedicaram-se à inveja, à violência, à tirania, à perversidade. Agora, mortos, sem qualquer liberdade para se refazerem ou transformarem o que tinham realizado em vida: Existência angustiante aos outros.
Esse "absurdo sartriano", tão falado também por Albert Camus, na realidade, anda pelas nossas ruas, desfila no nosso quotidiano político e social: "Os outros" vivos, fora das "quatro paredes", livres para fazerem o que quiserem ou talvez desfazerem o que fizeram, relacionando-se inevitavelmente com os outros, porque viver é conviver ou ligar-se aos outros. Mas, enquanto não convencidos pela ideia de amarem uns aos outros ou serem céu , continuarão a ser inferno...