Pequenas histórias 149
Há certas músicas
Há certas músicas que encrava na mente que é difícil tirá-la, parecem que não quer mais sair. Às vezes ela fica dias e dias martelando seus acordes e, quando se percebe, você esta cantarolando a meia a voz em qualquer lugar. É o que me acontece nesse momento. Há uma música de um desenho animado, outra paixão minha, além, é claro, estar incluindo na Sétima Arte, que sempre que posso coloco a trilha para ouvir. Vamos ver se vocês reconhecem sobre quem falo nessa primeira estrofe:
“Eu confesso que já fui muito malvada
Era pouco me chamarem só de bruxa
Mas depois, arrependida
Fiquei mais comedida
E até mais generosa e gorducha,
Pode crer!”
Essa cena é o ponto alto do filme, onde pela primeira vez aparece à vilã e, sem rodeios apresente sua ficha dizendo o que quer.
Vamos a mais um trecho:
“Felizmente eu conheço uma magia
Um talento que eu sempre possuí
E hoje é meu oficio
Eu o uso em beneficio
Do infeliz que vem aqui
Patético!”
Ouso dizer até que essa vilã é a melhor de todas as vilãs e vilões que a Disney criou. Depois de certo ostracismo, com filmes que pouco agradaram, a Disney volta ao sucesso com esse estupendo desenho de 1989, adaptando um dos contos infantis mais conhecido. Mais um trecho da música:
“Corações infelizes
Precisam de mim
Uma quer ser mais magrinha
Outro quer a namorada
E eu resolvo?
Claro que sim”
Estou me referindo à Bruxa do Mar, a Úrsula, do desenho A Pequena Sereia, da Disney. O fascinante da cena é que a Úrsula é representada por um polvo gigante, fêmea, e age com uma desenvoltura estupenda, como se pesasse um quilo. Você vendo-a, parece que sente o peso enorme da grande figura, e, no entanto seus gestos e movimentos são mais leve que uma pluma. Isso fica mais característicos quando ela fala sobre a linguagem do corpo e rebolando como uma menina de proporções mínimas, continua cantando:
“O homem abomina tagarelas
Garota caladinha, ele adora
Se a mulher ficar falando
O dia inteiro sufocando
O homem se zanga”
De todos os vilões da Disney, a Úrsula perde ou, está no mesmo patamar da Bruxa Malvada da Bela Adormecida, outro desenho em que, tanto as cores, os ângulos, a profundidade, a caracterização estupenda da bruxa, é também o ponto alto, nota dez.
E o que vou dizer aqui não é nenhuma novidade, já foi tido por muitos psicólogos, psiquiatras e estudiosos do assunto. Na luta contra o bem e o mal, é necessário que se tenha um bom vilão, senão a história não tem graça nenhuma. Então em qualquer história, a minha, a tua, a dele, a dela, é preciso que se tenha um vilão para que a vida seja interessante, claro que nossos vilões são bem diferentes dos filmes, principalmente dos desenhos animados. Essa teoria, se é que posso chamar de teoria, não está bem formulada, é preciso que seja bem estudada, não se pode desenvolvê-la em apenas meia hora, em poucas linhas, não acham?
Boa quarta-feira para todos, seja bem vinda Cacilda, e vamos que vamos, não podemos perder o trem das adversidades.
pastorelli