TRAGÉDIAS NOSSAS
Mais uma grande tragédia neste país, desta vez tudo levando a crer que tenha sido uma tragédia anunciada, como andam dizendo por aí a nossa mídia e alguns especialistas em aviação.
Decorridos um pouco menos de 10 meses do acidente com o boeing da Gol que se chocou com um jato Legacy sobre a Amazônia, acontece este com o air-bus da TAM em 17 de julho de 2007, no aeroporto de Congonhas em São Paulo, quando o mesmo já se encontrava em terra.
E entre essas duas tragédias aéreas, uma outra que já anda meio esquecida por todos; a do metrô paulistano, cujas obras para a construção da linha amarela levaram à abertura de uma enorme cratera, causando várias vítimas fatais (não me recordo o número) e obrigando muitos moradores a abandonarem suas casas por questões de segurança.
O boeing da Gol chocou-se com o Legacy no dia 29 de setembro de 2006, quando fazia a rota São Paulo / Manaus. Resultado da colisão: 154 mortos, passageiros e tripulantes de um avião que se desintegrou segundos após a colisão. Nenhum sobrevivente.
O acidente no metrô paulistano ocorreu no dia 12 de janeiro de 2007, quase não se fala mais nele e ninguém, absolutamente ninguém foi punido, assim como também ninguém foi responsabilizado formalmente ou punido quando do acidente entre os dois jatos ocorrido sobre a Amazônia.
E este agora com o air-bus da TAM, cujos mortos até o momento em que escrevo este texto, já passavam de 180.
Resultado das três tragédias: aproximadamente 350 vidas roubadas pelo descaso.
Pergunto: o que foi feito até agora de concreto para resolver-se o problema da aviação no Brasil? Não adianta querer culpar os controladores de vôo, os pilotos, as próprias aeronaves se todos sabem que o maior problema disso tudo se relaciona com nossas autoridades. E também com todos nós que nada fazemos de concreto para mudar esse estado de coisas.
Enquanto neste país não houver seriedade e respeito à vida do próximo, nada dará certo, e as tragédias, os engodos, os embustes, os roubos, os crimes... continuarão ocorrendo cada vez com maior intensidade. Enquanto neste país, seus próprios nativos continuarem a fazer piadinhas sobre qualquer assunto que avilte nossa honra (corrupção política, por exemplo), ao invés de criar-se uma onda de revolta, nada se resolverá.
Quando vejo o desrespeito de uma “ministra de Estado” ao dizer na TV “relaxa e goza que depois você esquece tudo” em referência à crise aérea, e um ministro da Defesa declarar que ganha “somente” R$ 6.000,00 por mês e paga imposto de renda, tentando justificar o injustificável, dá vontade de desistir. Que ideais terão essa ministra e esse ministro a ponto de dizerem tais sandices? Já passou da hora desses infelizes irem para suas casas e dormirem o sono dos “injustos”. E junto com eles, essa corja toda que se esconde atrás das imunidades parlamentares, fazendo tudo o que podem em benefício próprio e nada a quem os elegeu (sic).
O ufanismo do brasileiro é algo que enjoa, principalmente quando vem de cima. Para esses senhores e essas senhoras tudo aqui é bonito, tudo é perfeito, um reino da fantasia. Só que isso é tudo da boca pra fora porque fazer com que tudo seja perfeito, exemplar e idôneo dá trabalho, muito trabalho, e como eles não são muito chegados ao labor (salvo quando se trata de seus próprios interesses), estamos na situação em que estamos. Mas, como falar é fácil, e as orelhas deste povo aceitam tudo, que assim seja.
Tenho sentido, mesmo muito de leve, que a paciência daqueles que pensam e sabem o que fazem aqui, está se acabando. São muitos fatos negativos acontecendo em pouco espaço de tempo, nenhum deles tendo soluções satisfatórias, com os ladrões e corruptos sempre se dando bem, que em breve algo de positivo para o país poderá vir a ocorrer.
Comentei aqui sobre três tragédias recentes que se abateram sobre o povo brasileiro. Quase 10 meses depois da tragédia do boeing da Gol e 6 meses após a do metrô paulistano, a sociedade ainda não tem respostas convincentes. Como não terá também para esta do air-bus da TAM, a não ser que se exerça uma grande pressão popular sobre quem de direito. O grande mal é que o tempo vai diluindo os fatos, fazendo-os cair no esquecimento. É aí que essa gente maldita se escora para relevar os mais sérios problemas e seguir em frente na sua caminhada de morte, em muitos casos protegidos pela própria mídia que também se “esquece” dos fatos.
Estou escrevendo este texto ainda movido pela emoção e tristeza com as imagens vistas na TV, desta que já é a maior tragédia da aviação brasileira. Pessoas inocentes, talvez ainda com muitos planos de vida, crianças de colo, gente totalmente indefesa, calcinadas numa temperatura que certamente atingiu os 1.000 graus Celsius.
Mesmo presenciando e sentindo tudo isso – e mais alguma coisa – tenho fé e esperança de que esse país ainda vai dar certo.
Mas só se for com nossa união, determinação e ajuda.
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