SOMOS O QUE PENSAMOS

“O ser humano esta condenado a ser livre”

Jean Paul Sartre foi um francês que ficou famoso no seu tempo.Escritor e dramaturgo, destacou-se na história como filósofo, tornando-se o maior expoente da filosofia existencialista.

Ele afirmava que a existência viria antes da essência. Primeiro o homem existe no mundo, depois, se constrói, se estrutura e define seu caráter através de seus atos e ações. Entendeu?Coisas de filósofo . . .

Chama-me a atenção um dos seus conceitos que diz estar o ser humano condenado a ser livre. Em sua fala afirma que nosso corpo pode ser cerceado da sua liberdade , enclausurado nos lúgubres recessos de uma prisão ou na frieza solitária de uma cela, mas nosso pensamente, ah , o pensamento , impossível de ser encarcerado, poderia vagar livremente por onde assim desejasse.

Este tema vale algumas reflexões.

Nosso pensamento é livre? Será mesmo?

Em resposta a pergunta acima, acredito, e é uma opinião pessoal nada mais que isso, que não. Nem através do pensamento somos tão livres assim.

Não escolhemos espontaneamente nossos valores, nossas verdades não são tão nossas assim como pensamos.

Aquilo que achamos certo ou errado tem muito da somatória das influências externas que somos expostos constantemente. Nosso jeito de agir, de fazer as coisas, enfim, de ver o mundo tem pouco de nosso e muito dos outros.

Carl Jung afirmava que nascemos únicos e morremos cópias, assumindo, como nossas, as idéias e opiniões alheias , replicando conceitos e julgamentos.

É uma verdade, não somos originais, apesar de termos sempre a intenção de ser. Tudo que fazemos ou pensamos fazer alguém já fez e achamos legal, por isso repetimos inúmeras vezes até que em dado momento nos intitulamos criadores da idéia ou pensamento.

O conhecimento é transmitido de geração em geração. Não necessitamos reinventar a roda todos os dias, e isto é uma bênção para a evolução do conhecimento.

Só foi original o primeiro homem da face da terra. O segundo já se aproveitou das descobertas do primeiro.

Partimos do ponto em que os outros pararam, absorvendo o conhecimento já existente dando sempre passos à frente deixando que outros continuem também de onde paramos. É assim que funciona.

Isaac Newton bem definiu esta situação quando disse que “Se viu mais longe, foi por estar de pé sobre ombros de gigantes”

Nesta absorção do conhecimento também entra a absorção das opiniões alheias.

Diz a psicologia que o ser humano quando num grupo perde sua identidade para assumir a identidade do grupo , e isso é um perigo. A roupa que você usa , as coisas que você faz , suas preferências, escolhas, inclinações todas estão contaminadas com a enxurrada de informações que você recebe diariamente.

A questão é: De quem estamos replicando opiniões?Quem são nossos ídolos?

Tem vezes que nossas opiniões não merecem o mínimo crédito.