HISTÓRIA REAL DO EXAGERO COM CÃES.

Estava com dois amigos em Icaraí, Niterói, e tomamos um café em um de seus inúmeros “bistrôs” que hoje proliferam na cidade-sorriso,no momento densamente povoada e muita procurada para habitação, o que tirou um pouco seu bucolismo anterior, uma Urca bastante e formidavelmente aumentada.

Um desses amigos, amizade de mais de cinquenta anos, disse que precisava comprar algo para o cão de companhia de uma de suas filhas, moça feita, solteira, que com ele mora e a mãe.

Entramos em uma PET, que significa “bichinho de estimação”. Uma loja Pet-shop, local de compras de artigos para animais. Lá estavam no interior da loja duas vendedoras, a proprietária, uma senhora de média idade e um casal jovem, com aproximados vinte a trinta anos, conversando animadamente sobre cães e suas necessidades.

Paramos e fomos abordados por uma das vendedoras que perguntou “ o que desejam?”. Meu amigo disse o que queria e a moça foi providenciar,

Espaço da loja não muito amplo, a senhora falava e olhava para nós como a pedir anuência ao que dizia sobre cães. E me olhando muito e falando prestei atenção. E disse “eles são nossa vida, não?”. Não percebi bem a razão da interrogação, não a conhecia, mas olhei seu olhar altamente interessado, talvez esperando de mim uma resposta. E disse eu: Quem???? (ou seja, quem seria a nossa vida ao que ela aludia). Ela disse, “os cães”.

Fiquei quieto. Ela continuou: “nossos filhos são a nossa vida”. Passei a entender, e disse, sim nossos filhos para mim também são razão de nossa vida. Ela disse: tenho esses dois, apontando para a moça e o rapaz, e completou, mas esse, mostrando o cãozinho, é o melhor, me obedece em tudo. Aproveitei e disse:mas o cão não é filho da senhora, é seu animal de estimação de quem a senhora muito gosta e ama, e não retruca, obedece. E ela respondeu COM VEEMÊNCIA. “NÃO, ELE É MEU FILHO”.

Diante disso pensei que todo diálogo era possível, e continuei, mas ele não nasceu da senhora, não é seu filho. Ela respondeu com certa dureza, “É MEU FILHO”. E de forma crítica eu disse: a senhora conseguiu a adoção legal com as formalidades da lei, creio que seja filho adotivo,mas sendo um cão se torna difícil. Ela já meio brava enfatizou, “É MEU FILHO”. E para não piorar mais eu disse (de gozação e saí da loja), espero que a senhora tenha uma boa nora e lhe traga muitos netos.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 19/07/2016
Reeditado em 17/10/2016
Código do texto: T5702638
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