DIFERENÇAS.

Diferenças de entendimento não retiram a compreensão e principalmente a admiração que as pessoas têm umas pelas outras.

Não posso deixar de admirar grandes escritores se não entendo da mesma forma visões diferenciadas.

Como negar o mérito de Nietzche, um realista que fez da crítica viva um documento respeitável através dos tempos. Diga-se, hoje seus conceitos formam verdadeira religião. Mas em livro meu, considerei posições suas, contrariando-as, sem pretensão, em favor da diferença de pensar, a mais legítima liberdade humana que não se ausenta da admiração,que permanece .

“Nietzsche em sua critica livre, desconsiderando as conquistas dos valores morais maiores, tenta, repito, tenta desmistificar o bem diante da crua realidade humana. “Severidade, violência, perigo, guerra, são valores tão valiosos como bondade e paz”, e diz a razão que entende justificada: “Ganância, inveja, mesmo ódio são elementos indispensáveis no processo da luta, da seleção, da sobrevivência. O mal está para o bem como as variações para a hereditariedade, como a inovação e a experiência para os costumes; não há desenvolvimento sem uma quase criminosa violação de precedentes e da “ordem”. Se o mal não fosse bem o mal desapareceria.”

É um discurso da realidade posto que outra não foi ainda adotada e desenvolvida integralmente; a do exercício do bem absoluto. Nietzsche nada mais faz do que ser incisivo e realista de forma fundamentalista com o que ocorre. Isto, contudo, não transforma o mal em bem. Serão sempre antagônicos, antônimos um do outro, excludentes. O fato de poderem existir em um mesmo plano não os torna coincidentes, nem passíveis de serem colocados sob um mesmo conceito por emanarem da vontade, ou seja, de uma mesma fonte.

E toda essa contestação do filósofo polêmico encontra barra enérgica, lógica e inquestionável, pela inteligência do Cristo quando posta em prática. Como é possível o ódio ter o mesmo peso que o amor? O mal e o bem caminharem juntos?

"Por que você se assusta? O que acontece para a árvore, acontece também para o homem. Quanto mais deseja elevar-se para as alturas e para a luz, mais vigorosamente enterra suas raízes para baixo, para o horrendo e profundo: para o mal." - Friedrich Nietzsche

Estamos diante da didática do erro. A árvore que ganha altura precisa de maior base, mais se enraíza, isto não se assemelha a ir ao encontro do mal, mas ao encontro de se fortalecer para mais crescer. Da mesma forma que o homem que busca alturas espirituais se introverte e se aproxima mais do silêncio, de seu interior, de suas raízes, de seu Deus; e o faz para crescer espiritualmente. Incrivelmente falsa a proposição do filósofo. A noção de opostos não os faz iguais. Conhece-se a beleza, o alto, o certo, o honesto, o sincero por existirem seus opostos. Nietzsche sente prazer sádico de ver o mal passeando pelo mundo bem como a crueldade, e afirma que “a crueldade constituiu a grande alegria e o deleite do homem antigo”. Não considerou ter melhorado o homem com o passar dos tempos. É cruel com a coletividade quando dá roupagem ao seu “Super-homem”, em quem deve investir-se exclusivamente. Para ele a moralidade jaz na força e não na bondade. Seria assim o “Anti-Cristo” seu super-homem. O objetivo do esforço humano, diz o filósofo, não deveria ser a elevação de todos, mas o desenvolvimento dos mais perfeitos e fortes indivíduos. Não o gênero humano, mas o super-homem é a meta. O alvo deve ser não a melhoria e felicidade da massa, mas o melhoramento do tipo. “Melhor que as sociedades se extingam do que tipos de eleição deixem de aparecer”, afirmava.”

Partes do meu livro “A Inteligência de Cristo”.

Estamos diante de verdades que se contrapõem, de realidades que estabelecem diferenças, ambas consideráveis. Não abrigo suas ideias que recusei, diferenças que não retiram minha admiração e respeito por suas crenças, manifestações, posições, maneira de ter se conduzido em sua vida. É, foi e sempre será um grande filósofo.

Assim é a vida humana, posições e visões contrárias, diferenças de ser e pensar, não retiram a admiração e o respeito.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 18/07/2016
Reeditado em 18/07/2016
Código do texto: T5701958
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