Próximo
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Entrelaço textos reflexivos, entre metáforas, parábolas, analogias.
O médico /escritor, ou, escritor/médico, Dr. Márcio, no relato de um de seus causos reais, vividos pelos rincões da Bahia, nos contava que chamara seus pacientes como “ próximo” e ninguém se apresentara. De nada adiantara se expressar num tom à cima. Mesmo, na ansiedade por serem atendidos, não entravam em sua sala. Chegara à conclusão que não fazia parte do vocabulário deles, tal expressão. Teria que achar outro meio, ou explicar o que lhes dizia. Não sabiam quem era o próximo. Alargo este pensamento. Eu sei?
Como armadilha retórica, fizeram a mesma pergunta a Jesus. “ Quem é o próximo”? Em parábola contou a passagem do Samaritano. Este, ao acolher e cuidar do ferido desprezou a Lei que o tornaria impuro com o sangue e apenas Amou. O sacerdote, o Levita, doutores da Lei mudaram de calçada, enraizados pela Lei. Perderam a oportunidade de chegar perto, ver, cuidar das feridas, de amar e tornar-se próximo, na compaixão.
No decorrer da explanação do Mestre o coração do homem foi interiorizando sentimentos. No final Jesus lhe devolveu a pergunta:" Quem foi o Próximo"? Responde ele, em processo de crescimento no amor: O misericordioso.
Dr. Márcio não pensou em Linguística; se preocupou em achar novo jeito de chamá-los, para que entendessem quem era o próximo. O Samaritano não pensou em discussões sobre pureza, mas parte para a ação, quando ele vê o sofrimento alheio.
Tal qual os pacientes, os doutores da Lei; sabemos quem é o nosso próximo, de perto ou de longe? Virtual, ou presencial? Digo isto, porque o leque da amizade já não se abre na proximidade do corpo, mas na afinidade de almas. Nosso desafio: enxergar a quem estirar as mãos. Quem espera o nosso olhar misericordioso? Pode estar do nosso ladinho.
Abraço da Olynda