PLANOS DO ACASO

Muitas vezes, o acaso faz planos que não se alinham com os dos homens. Ivã refletia isso, deixando um largo sorriso no travesseiro. Era domingo, passava do meio-dia, quando ele acordou. A razão era uma só, Sabrina, a moça que deixou marcas, não só de batom, mas também, em seu coração.

No dia anterior, isto é, sábado, ele fora visitar uma amiga da época da escola. Ela morava em um sítio no interior de Novo Horizonte do Oeste. Com seu novo carro, devorava estrada afora; subiu morros pintados de vermelho e quando passava levantava uma fina poeira pelo ar. Instantes depois nosso herói contemplava as paisagens; com seus eucaliptos e ipês-amarelos.

Após horas de estrada muitas pessoas perdem o caminho por não entenderem o mapa. Ivã, quando se perdeu de vez, tomou uma decisão após profunda reflexão – que, inclusive, contraria o orgulho de muitos homens – decidiu pedir informações. Próximo a um cafezal; para numa casa e fala com uma senhora de cabelos de algodão e lábios murchos. Há pessoas que explicam caminhos com tanta didática que torna impossível perder-se. Ela contou-lhe onde Patrícia morava, Ivã já se encontrava próximo ao local.

Chegando ao sítio, Patrícia o cumprimentou com alegria e semblante de simpatia. Apresentou-o as suas irmãs, aos pais e a Iago seu novo namorado que estes ainda não sabiam. Todos os presentes sentaram sob uma enorme árvore a roda de uma mesa de carvalho, contando casos e acasos ao sabor de um tereré – típica bebida sul-americana com infusão de erva mate em água fria – com refrigerante de limão.

Já pelas cinco horas da tarde, chega Sabrina, a irmã do futuro idílio de Patrícia, isto é, seu namorado. Ela tinha os cabelos dourados, olhos verdes sensuais, um nariz pequeno que harmonizava com seus lábios finos e sutis. De estatura mediana era faladeira e agitada, aliás, mulher faladeira é pleonasmo. Patrícia os apresentara. Havia algo nesta garota que hipnotizava Ivã. Os homens quando veem uma garota muito bonita tendem a se apaixonar instantaneamente.

Mais tarde, próximo a uma represa de tambaquis, Ivã e Sabrina conversavam para assim se conhecerem. Quando o gelo derreteu de vez, após conversas, risadas e fatos improváveis; se olharam profundamente, um instante de silêncio, e um beijo aconteceu. Quase sempre após um encontro alegrador vem sempre seguido por outro entristecedor. O irmão dela, pegando-a pelo braço, disse alguns desaforos e foi-se embora, não sozinho, mas com ela. Sorte do nosso amigo que ela o havia dado seu telefone e combinaram de se ver. E esta foi mais uma crônica de amor que está apenas começando!