Preconceito.

Certa vez um leitor da coluna “Cartas” de um Jornal, me criticou, dizendo que eu inventava preconceitos. Respondi-lhe que os preconceitos existem, eu só os copiavam. Acontece que tenho percepção aguda com os mixoxos da sociedade, comum aos que acham acima de tudo e a todos. Convivi muito com ricos e pobres, entre letrados e analfabetos. Quem vive na pobreza sabe o que é preconceito.

Nos anos 40 e 50, vivência periódica entre infância e adolescência, o vermelho era traje de negro, ouvi muito esse disparate centenas de vezes. Já nos anos 60, 70 e 80, camisa vermelha era indício de comuna.

A discriminação se estende em outras cores; uma vez vesti um conjunto azul , me chamaram de entregador de gás. Me chamar de entregador de gás, não me ofende, qualquer trabalho dignifica o ser humano, mas é preciso chamar as falas esses preconceituosos.

Vestir-se de branco era só para médicos ou enfermeiros. Quem não fosse dessas brilhantes profissões era pipoqueiro ou pai de santo.Em uma noitinha estava eu no ponto de ônibus e um rapaz negro, em traje branco, passou uns rapazes de carros gritando; “ onde é a macumba negão?” O dito negão cantou a pedra 70, caíram na gargalhada e se arrancaram.

Lair Estanislau Alves.

A tempo: gíria, pedra 70 é uma ofensa a mãe.