Morte, velhice e prazo de validade...
A morte e a velhice continuam a andar juntas no imaginário social, uma associação que remete ao que se pensa de idosos, velhinhos que não tem mais como contribuir, ao contrário, representam um baita problemão, tanto que a Reforma da Previdência é um assunto para ontem, em parte pelo maior tempo de sobrevida das pessoas, mais gente aposentada, como se vivessem “Uma vita dolce”, inaceitável equívoco conveniente.
O tema de nossa finitude continua sendo oportuno e necessário à reflexão em uma sociedade sem tempo para quem não é funcional, que não seja diferenciado, tema recorrente em recrutamento e seleção de RH's, que anseiam pescar um gênio ainda desconhecido, preferencialmente jovem, um diamante por lapidar.
A finitude permanece envolta em tabus diversos, medo da morte, do desconhecido, do sofrimento, do apego às pessoas e ao patrimônio adquirido, lembrando um pouco os faraós e seus tesouros que os acompanharia na passagem para outra vida.
Na prática, os fatos são indesmentíveis, idosos estão por aí, aos montes, sem ter quem por eles olhe e acolha.
Em particular, o Estado, pratica pálidas políticas públicas para quem não possa contar com cuidadores, destinando aos idosos arremedos de dignidade, a sociedade é, pois, copartícipe dessa constatação.
Estamos e ainda viveremos mais tempo, mas como?
Temos muito trabalho por fazer para que a morte seja mais discutida, ressignificada, como o fim de um ciclo que pode ser melhor, talvez mais despojada das muitas necessidades desnecessárias.
Possivelmente seja melhor se com mais desapegos e valorização do que é essencialmente humano e que verdadeiramente importa, viver com menos âncoras e correntes que nos prendem ao passado, virando de vez aquelas páginas com orelhas a não nos deixar esquecê-las.
Ao longo de nossas vidas, em muitas das vezes, fantasiamos que ainda temos muito tempo, que podemos continuar alimentando aqueles sonhos adiados e postergados.
Procrastinamos muitas ações em função dos receios, baixa autoestima, negações e vamos deixando para amanhã as confissões e reparações que propiciam pacificação da vida que queremos viver.
Um pouco de fantasia faz bem, é saudável, nos anima e ajuda a seguir adiante, contudo, como tudo nessa vida, sonhar ou fantasiar tem um preço, prazo de validade.