A SOLIDÃO DOS ESCRITORES

Depois da linguagem oral, a escrita é a forma mais utilizada de comunicação.

No caso de um escritor, poeta, ensaísta etc., escrever vai muito além da necessidade de interagir com outras pessoas. Para nós, talvez metidos a intelectuais, o ato de escrever é uma forma de fazer o mundo tomar ciência dos nossos pensamentos e da nossa imaginação delirante.

Todavia, se a atividade de escrever tem o seu lado prazeroso e estimulante para o cérebro, é com frequência uma tarefa muito solitária. Não que o escritor seja um misantropo, embora em certos casos possa até se tornar um. Mas, o trabalho de construir versos, contar boas histórias ou comunicar ideias com exatidão, exige um certo isolamento do mundo exterior. Bem, pelo menos tem sido assim no meu caso.

Escrever bem é uma atividade que pede renúncia, porque não se pode escrever e assistir ao seriado preferido ao mesmo tempo, disciplina, paciência, estudo da língua e concentração absoluta. Por esse motivo, muitos escritores varam as madrugadas escrevendo, beneficiando-se do silêncio dessas horas avançadas (o que não é o meu caso).

É preciso dizer, no entanto, que a solidão aflorada em sentimento vem muitas vezes em decorrência da incompreensão alheia. É aquela tristeza, aquele vazio que você experimenta por não poder compartilhar o que você faz com as pessoas que mais ama, simplesmente porque elas não compreendem a importância do que você faz. Como não entendem, não se interessam.

A indiferença, mormente dos que amamos, pode ferir muito mais que uma crítica mordaz.

Mas, dizem que a gente se acostuma com tudo ou quase tudo, não é mesmo?

O escritor, como uma espécie de sina, deve acostumar-se à solidão. Contudo, eu desejo que a sua, a minha, enfim, a nosa solidão, seja apenas nossa companheira nos momentos em que nos sentamos ao computador para escrever.

Ah, compartilhar com outros mestres da arte de escrever é uma felicidade.