Maldito fiapo de manga
Um dia desses, um maldito fiapo de manga encravou entre os meus dentes, e a batalha entre a vida e morte começou... Foram inúmeras estratégias de guerrilha para tentar me livrar desse malfadado invasor. Só depois de muitas horas de combate ferrenho, já à beira do abismo, pensando em dar cabo da própria vida, finalmente, o "pentelho alienígena" foi extirpado, e a paz voltou a reinar em meu espírito atormentado.
Os fiapos de qualquer natureza são sempre desagradáveis, indesejáveis e, às vezes, até malditos. Mesmo sendo pequeninos e insignificantes, aparentemente banais, muitos gigantes já tombaram diante do sofrimento imposto por esses "intrépidos soldadinhos do mal". Parece que vieram ao mundo com um único propósito: atazanar a vida dos pobres mortais. Não é um sofrimento que cause uma "explosão de dor" num curto espaço de tempo. É exatamente o contrário, é uma "tortura em doses homeopáticas" que geralmente ganha todas as horas do dia. Se isto não é morrer na cruz mil vezes, o que é então?
Um "legítimo fiapo profissional" gosta de impor as suas próprias regras, e ganhar sempre. Impõe às pobres vítimas sofrimentos insuportáveis, quase perpétuos. É um "verdadeiro carrasco à moda antiga". Não adianta a criatura humana tomar medidas preventivas. O corpo humano é totalmente vulnerável a toda sorte de fiapos. Não tem escapatória! Além do mais, eles estão por toda a parte, esperando só o momento para se instalar em seu hospedeiro e fazer o que eles mais gostam: levar a criatura às margens da loucura.
Um minúsculo fiapo de madeira alojado na sola do pé é suficiente para tirar qualquer cristão do sério, qualquer crente do sério, qualquer espírita do sério, qualquer umbandista do sério, qualquer mulçumano do sério, qualquer budista do sério e, se bobear, é capaz até de fazer qualquer ateísta rezar de joelhos. É nessas "horas de sofrimento" que os humanos são todos parecidos.
Eu tenho a leve desconfiança que muitos suicídios poderiam ser evitados com a simples remoção dessas "pequenas pragas" em tempo hábil. Tem muita gente que tem um maldito fiapo encravado não entre os dentes, na palma das mãos, na sola dos pés, mas sim na alma. Este é de difícil remoção... Mesmo assim, ainda há um "fiapo de esperança"para a criatura humana. Já para as ostras, criaturas desprovidas de mãos, a história não tem um final feliz, pelo menos para elas.
As ostras não nasceram em berço esplêndido. Não reúnem atributos que as coloquem "donas da situação". Vivem em função das marés, das incertezas, ao sabor do acaso e, quando o seu corpo sagrado é maculado por essas "criaturinhas detestáveis da natureza" ( fiapos do mar ), o máximo que podem fazer para amenizar o seu sofrimento, é tirar proveito da imensa dor para produzir belas obras de arte. Assim nascem as pérolas! Deus realmente "ama de paixão" a espécie humana, pensou em tudo, deu todas as ferramentas para que nós, humanos, possamos nos livrar desses famigerados "fiapos oportunistas". Já passou da hora do humano aprender com as ostras!