Crônica diária de um barbudo #4
Fui cortar o cabelo que estava passando da hora.
Cheguei na barbearia e era o primeiro dia do barbeiro e eu era o primeiro cliente dele.
- Como o senhor vai querer?
Desconfiei que era o primeiro dia dele por me chamar de senhor. Essa educação toda é muito incomum em Boa Vista.
O cara já ganhou um crédito.
Continuando:
- Passa a máquina 3 dos lados e em cima corta na tesoura, mas de leve que eu tô ficando careca.
- Ok.
Durante o corte, ele perguntou: O senhor utiliza algum shampoo, óleo na sua barba?
É uma barba grande. É legal cuidar. Li numa revista que quem cuida da barba é chamado de lumbersex.
Pensei comigo:
Agora pronto. Lá vem conversa. Não pode nem elogiar a educação.
Respondi: Não, de vez em quando passo sabão.
- O senhor me permite fazer uma demonstração, um arremate na sua barba? Vai ficar muito bom.
- Meio à contra gosto respondi: - Vai.
Aí o cabra ia ajeitando e falando que vai ficar muito bom e finalmente termina. Pega o espelho todo orgulhoso, mostra e fala, e eu me esforçando para elogiá-lo digo: - é mesmo, ficou bom.
- O senhor gostou!? Que bom, eu cobro 30 reais pela barba, mas hoje foi só uma demonstração.
- Obrigado (com muito esforço)
Daí, levantei da cadeira e me dirigi ao caixa e perguntei quanto custou o corte de cabelo.
A moça respondeu: - 20 reais.
Moral da história:
Manter a sua barba numa barbearia pode ser mais caro que tentar manter os últimos fios de cabelo na sua cabeça.