HOMENS E LOBOS

Existem relacionamentos que ainda que sejam regidos por uma infinidade de regras, algumas vezes é melhor que se aumentem estas mesmas regras; ainda se corre o perigo de faltar regras.

No final, aquele último passo se revela longo demais para nossas pernas curtas; é quando se vê que as regras foram poucas, ou falhas.

Por esta e outras percebemos que nossos problemas são os mesmos de todas as pessoas que se movem no espaço limite de uma rua, uma cidade ou até mesmo o mundo. Para piorar estes problemas nos dão a utopia de que a morte está distante. Contudo a certeza desta morte é inexorável. Infelizmente, não existem regras e nem mundos alternativos, portanto não existe a ilusão de fazer o tempo correr e/ou parar; ou até mesmo durar um pouco mais. Assim ficamos com a vida pelo um fio e nos vangloriamos de sermos eternos.

O que torna claro e evidente que não sabemos alimentar nossos lobos internos. E também não sabemos qual deles vencerá a luta final.

Uma lenda indígena diz mais ou menos assim, sobre nossos lobos.

Um velho índio está sentado com seu neto diante do por do sol.

- Vovô, por que os homens lutam?

Com voz calma o velho índio responde:

- Todo homem, cedo ou tarde, é chamado a lutar. Para cada homem, há sempre uma batalha à espera de ser travada, vencida ou perdida. Sendo o confronto mais feroz o que acontece entre dois lobos.

- Que lobos vovô?

- Os que o homem carrega dentro de si.

- Não entendi vovô.

- Há dois lobos em cada um de nós. Um é mau e vive de ódio, ciúme, inveja, ressentimento, falso orgulho, mentiras, egoísmo... O outro é o lobo bom. Vive de paz, amor, esperança, generosidade, compaixão, humildade, honestidade e fé.

O menino voltou a perguntar:

- E qual dos dois lobos vence?

- Aquele que você alimentar melhor.