Fast Food

O Fast Food é o rápido. A resposta rápida. O desejo atendido de pronto. Ficar (focar) em si pode ser (e é) o caminho mais difícil para uma busca por qualidade de vida digna de alguém que vive com a mínima noção de quem (além do nome) existe. E só vive quem sente. E só sente quem pode ficar um tempo sem respostas (e sem surtar por isso). Pois a resposta pode não ser Fast. Nem Food.

O que me dizem (nem todos) é a resposta pronta. O agora. A procura do ontem. A resposta da pergunta que nem foi feita.

O que me incomoda é aquilo que vejo em mim (ou não vejo em mim). Opções são dadas (existem por excelência). Escolhas são feitas. A vitimização não é o caminho. Não preciso mais escrever uma crônica como se fosse ganhar um prêmio por ela. Pra dizer a verdade nem estou ganhando pra isso (além do ganho analítico que procuro)... Principalmente (e é o caso) se a intenção for escrever para me sentir melhor ou para melhorar o modo como me vejo. Na verdade, escrevo também para tentar descobrir algo novo na desconstrução do olhar contaminado (turvo) que possuo e alimento dia a dia (mesmo sem o querer racional)... Por que me preocupar com a forma? Sou sentidos (sentimentos). Começo o dia bem. Depois fico bem mal. De repente fico bem outra vez. Bipolar seria o caso talvez... mas não vou me creditar um diagnóstico... Já são tantos Cids por aí... que deve ter algum que não me sirva...

Mas ainda sou confiante. Ainda, aos 30, procuro o gênero musical que mais gosto... Ainda, aos 30, procuro me ver de alguma forma mais sincera. Já consigo enxergar alguma coisa. O que é, de fato, bem interessante!!! Levando-se em conta meu passado. Que não vêm ao caso... Até por que aquele que também era já não é. Não daquele jeito. Ele só fazia. Agora posso até fazer igual. Mas tenho minha parcela de importância nas minhas escolhas.

Não deve ser difícil. Ahhhh. Mas é.... Ainda quero escolher (encontrar) o gênero musical que mais me agrada. Quando na verdade sei que também me agrada o silêncio! Mas pegaria mal dizer que minha música preferida é aquela que não começa (na verdade gostei disso)... Quero me arriscar mais dentro das opções. As opções é que fodem (arrumem um sinônimo) conosco. Não ter opção é/seria maravilhoso. Mas a partir do momento em que se pensa... SE pensa... Pensa-se em si. Aí já era. Abriu-se um leque tão infindável de escolhas que periga voltarmos ao mesmo lugar ou dele nem sair.

Engraçado pensar que ao poder fazer tudo se escolhe fazer nada. Ou pior. Fazer a mesma coisa. Que pode ser nada. Mas um nada em que não houve escolha. Diferente é fazer nada por escolha (isso é muito bom). Esse nada a qual me refiro é o nada automático (é o desligar-se de si). O nada que corresponde ao tudo e que com ele se equivale. O não pensar nos amaldiçoa (ou presenteia) com uma vida que passa ao nosso largo. Mesmo estando dentro dela!!!! Mas estar dentro não significa ser protagonista de sua/minha própria vida.

Não há mais motivos para o automático. Diz o poeta que pensar dói. Depois que se descobre que a escolha pode ser feita... Fim de linha (ou começo de linha). Difícil. Viagem? Casamento? Cinema? Netflix? Amigos? Mulheres? Bares? Tudo? Nada? Não vou me alongar. A angústia passa. Sempre passa pela manhã. Conselho não tenho. Mas se tivesse iria me dar. Iria me dizer pra não fazer o que já foi feito do jeito errado. O jeito errado é aquele em que me coloco em risco (é o jeito automático). Chegar perto do êxtase para chegar perto da morte (disfarçada). A tentativa de eternizar o prazer nada mais é que a morte dissimulada. Emoções são passageiras e assim devem ser. O jogo de futebol possui duas horas. A montanha russa alguns minutos. Os prazeres não podem perdurar mais que o necessário. Senão vira outra coisa.

Mas há sim vida que não beire ao extremo e que seja emocionante. Precisa-se apenas das percepções e por vezes da falta delas... Explico: Também já pequei por pensar demais. Sentir exige uma dualidade complicada.... Pensar no que se sente mas sentir sem pensar (apenas viver-sentir). Não racionalizar a vida. A vida não se esgota na mente. O cérebro não consegue acompanhar nossos sentimentos. Quando finge que consegue, estamos falando de ilusão. A ilusão é muito pior que a dor real (ou alegria real). A dor real passa (se sentida) e faz parte, e é bom. A ilusão não. É irreal no mundo dos fatos. Ela perdura. Ela mata. Ela volta. Ela vira o que você quiser e você/eu quer/queremos muita coisa...

Propagandas de vidas saudáveis ou vidas felizes mostram mais sentimentos do que racionalizações. Não é difícil explicar. Os publicitários já sabem disso (pelo menos na teoria).

Cada um tem seus desejos e suas ilusões... Não sou psicólogo mas o texto é meu. Então falo por mim (e de mim). Só assim posso falar. Afinal, mesmo quando falo do outro, digo mais sobre mim do que sobre ele (isso é o que o fofoqueiro não sabe, por exemplo).

Um amigo me disse. Hoje não se come bem! Esperar requer paciência para se comer um prato gourmet... E o pessoal anda mesmo é se empanturrando de Fast Food!!!