ALÉM DOS OLHOS
Temperança é o que me vejo perseguindo
Não pelo fato de que nunca a tive, mas simplesmente por que
A temperança é vista como a variedade de coisas tristes que me possam nutrir
Principalmente diante do que a vivencia diária e o domínio do ego coletivo me faz sentir
Tristes me nutrem porque me libertam das necessidades de perseguir a perfeição pregada
Correntes e filtros que separam as pessoas através de seus tratamentos consigo próprias e com os outros.
Mas especificamente quero me sentir triste hoje, pelo que hoje tenho visto
Não olhando apenas para dentro, mas pelo que algo fora de mim me fez viver.
Aquela Imagem, perfeita, revelada num sutil momento, repentino e profundo como tais momentos conflituosos devem ser. Porque diante de um segundo estava a essência do eu , e noutro , a essência de um coração Confrontado por algo tão belo e cativante mas substancialmente necessário para me fazer acordar e perceber em mim talvez o maior dos conflitos internos, porque ao mesmo tempo Em que contemplava o que do físico se agrada, dentro, eu era profundo o suficiente pra perceber que não havia profundidade atrás de tal beleza. Mas infelizmente não pude eliminar totalmente as fraquezas que o lado irracional produz, E continuei a alimentar a necessidade ilusória como um comprador de um vaso de porcelana antiga impregnando beleza que só no externo existia. Na perspectiva do conflito talvez melhor seria se tal ilusão fosse completa ,pelo que meu conteúdo não veria: uma alma que não vivenciara tristeza o suficiente para saber ser triste e ainda assim carregar consigo a essência do sagrado , saber o sentido de amar alguém sem esperar pelo que tal pudesse servir-se ou adequar-se no complexo mundo subjetivo que egos alimentados pela ilusão física se alto constroem . Ainda que parecesse uma decisão fria, Esperava de mim mesmo total dissociação, pois isso firmaria que a espiritualidade que tanto busquei já faz parte de mim da forma como almejava que fizesse . Mesmo assim já estou feliz por elucidar em mim a diferença entre o real e o investimento inconsciente na dor gerada pelo que se baseia no físico. Daí só me restou permitir que o amor não carnal proveniente de um estado de liberdade e paz, dentro daquele momento, sugerisse atrás daqueles olhos o nascimento do mesmo padrão dissociado , conflituoso mas verdadeiramente belo que fizeram gerar.