Acaso recordas, de um dia, estar comigo na praia, desenhando em circulos na areia com os dedos, com os meus dedos. Não consigo parar o tempo, não posso fazer mais do que estar aqui, a esperar-te. Atravesso um desfiladeiro imenso. Cavalgo sem rumo, por serras sem nome, para que eu chegue mais perto de ti. Porque um dia, lhe disse para vir me encontrar.
A minha pele sedenta, está salgada como água do mar, fria ao toque, ao gesto, ao sabor. Sei que é dourado este brilho que vejo. Falta algum tempo para nos encontrarmos, mas hoje, foi um presságio.
E mesmo assim, continuarei a querer ir contigo à praia, desenhar na areia palavras indescrítiveis, daquelas que saberás, com certeza decifrar. Será fácil criar o tempo contigo, sem contá-lo... será sempre fácil, contigo! Iremos criá-lo para nós, não teremos de ir para outro lugar, porque alguém se incomodou conosco. Teremos sempre o nosso espaço-tempo guardado, dentro de nós.