Vais votar em quem?
Às vezes deparo com alguns posts sobre política que me fazem pensar. No afã de patentear sua rejeição à corrupção que tanto mal tem feito nas ações dos maus políticos, alguns defendem uma “queima total” de estoque, com frases, tipo: “Tal cidade não reelegerá nenhum vereador.” “Não reeleja a nenhum congressista”, “faça um político trabalhar, tire seu emprego”, etc.
Com o devido respeito aos, assim indignados, pois, também me iro contra ladrões e corruptos, mas, as coisas não se resolvem assim, um erro não conserta o outro.
Se a solução fosse tirar todos os que têm mandato, simplesmente, e implicação necessária é que, elegemos apenas os maus, e os que prestavam ficaram num estágio intermediário, ou, fizeram mui poucos votos, e se agora os colocarmos lá, as coisas serão diferentes, não é assim.
Quiçá, pretendam um novo modelo de sociedade sem políticos, caso seja desse modo, exponham detalhado o modelo que anelam, para que possamos nos posicionar ante ele.
Aristóteles dizia com propriedade que, a pior forma de desigualdade é considerar iguais aos que são diferentes. Ao fazermos uma terra arrasada de todos os políticos estaremos fazendo isso. Lançando na vala comum da rejeição, os probos e os corruptos. Sim, existem homens honestos na política, que nos representam, falam o fazem o que gostaríamos.
Então, um eleitor consciente tanto pode apostar numa cara nova ao risco do novo decepcionar também, quanto, reinvestir em alguém conhecido, que, passou pelo mandato de modo produtivo, e íntegro.
Na verdade, ante o eleitor perspicaz, até o modo de fazer campanha já denuncia a índole do postulante. Quem vota descuidado, mesmo assim, é relapso; quem negocia seu voto por favores, é corrupto. Sonhar em passar o país a limpo com tais posturas equivale a lavar-se com água suja.
Não devemos nenhum favor aos que, no exercício do mandato fizeram coisas boas, tampouco, essas coisas boas servem de salvo conduto, caso tenham feito também, as más. Pagamos altos salários e uma gama de vantagens que nenhum empregado possui aos tais, em contrapartida, o mínimo que esperamos desses, que são nossos contratados, não, nossos chefes, é competência e probidade.
Claro que eventual competência pretérita é uma ótima “campanha” para postulados futuros, apenas isso, não uma dívida social com ninguém.
Não devemos esperar que a consciência cívica cresça de cima para baixo como rabo de cavalo; antes, a saúde cívica de nossas Câmaras, Assembleias e Congresso, deriva de um upgrade no eleitorado, uma melhoria de nossa percepção, e de nossos valores, de modo a escolhermos com um mínimo de coerência entre o que aprovamos nas ações, e o que legitimamos nas urnas.
Só um completo imbecil plantaria joio e desejaria colher trigo.
“Nada é tão admirável em política quanto uma memória curta.
John Galbraith