A carta do Arcebispo Aldo
Dom Aldo nos escreveu uma carta; carta de gente ofendida; mas falou poucas mágoas e muitos pedidos de perdão pelo que deixou de fazer ou pelo que é dito que ele fez. Deixou a carta sobre a mesa como quem parte sem se despedir. Claro, pastor algum se alegra ao deixar o que estimava: O rebanho. Resignado, falou de 'renúncia' à diocese e aos amigos que aqui ficam, menos ao que lhe roubaram: Cruz e anel, joias doadas pela mãe à sua paramentação de bispo.
O Papa Francisco também nos enviou uma carta. Talvez você ainda não a procurou, convencido de que não se escreve mais carta. Minha nostalgia relê cartas guardadas, e, aqui e acolá, escrevo uma. Essa do Papa parece com as epístolas de Pedro e Paulo de Tasso; epístola que significa carta, missiva... A de Dom Aldo, denominada pela imprensa como "Carta Renúncia", também nos convida à fé, à esperança e à caridade.
Já a Carta do Papa Francisco, denominada "A Luz da Fé", não é de despedida; trata-se de encíclica, escrita das conversas que mantém com Deus e também do seu carisma de compreender e discernir os males do século. Dom Aldo escreve também com ternura pastoral, apenas confessa apego a certas coisas da tradição, o que dificultava a convivência com alguns auxiliares, nesse sentido, desapegados... O que há de comum entre o Papa, Dom Aldo e todos nós é o dom da fé, num mundo, cada dia mais, de homens e mulheres sem fé; sem fé em si, sem fé nos outros, nos valores, enfim, sem fé na fé, o que impossibilita fé em Deus. Há um liame entre acreditar em Deus e ter fé nas suas criaturas que somos nós...
O Papa Francisco revela que sua carta “não traz ouro nem prata”, tampouco a de Dom Aldo, mas ambas ressaltam e apelam o que nos resta de esperança: A fé. A carta do Papa traz "boa nova" transformadora; a do Bispo, "boa nova" transformada. A carta de Francisco nos admoesta que ninguém ama sem fé; a de Aldo, que sem fé ninguém é alguém...